Agência Panafricana de Notícias

Erupção vulcânica isola localidades na ilha cabo-verdiana do Fogo

Praia, Cabo Verde (PANA) – As localidades de Portela e Bangaeira, situada nas imediações do vulcão do Pico na ilha cabo-verdiana do Fogo, que entrou em erupção domingo passado, estão isoladas após a destruição pelas lavas da estrada alternativa que conduzia a estes povoados, soube a PANA de fonte oficial.

De acordo com informações da Polícia Nacional, citadas pela agência cabo-verdiana de notícias (Infopress), por volta das 23 horas de domingo a estrada alternativa ficou parcialmente destruída horas depois de as lavas destruírem a estrada principal que liga Chã das Caldeiras, o principal centro populacional da zona afetada pela erupção vulcânica, ao resto da ilha do Fogo.

As mesmas fontes indicaram que, no final da tarde de domingo, as atividades sísmicas aumentaram de intensidade e era percetível duas vagas de lavas, uma das quais em direção à Cova Tina, que acabou por cortar a estrada alternativa.

Uma outra torrente da lava seguiu em direção às outras localidades de Chã das Caldeiras, mas o forte nevoeiro, misturado com as cinzas vulcânicas, não permitiu ter uma dimensão da corrente que se deslocava para o interior da caldeira.

Com o bloqueio da estrada alternativa as viaturas não podem circular para o interior da caldeira para apoiar as cerca de 200 pessoas que, segundo cálculo das autoridades, ainda estão nas suas residências.

A estas pessoas, que se recusam a deixar para as casas e os bens, restam a saída a pé para deixarem as localidades onde vivem, caso as lavas continuem a avançar para as proximidades das suas residências.

Sabe-se, entretanto, que a sede dos serviços administrativos do Parque Natural do Fogo (PNF), situada em Chã das Caldeiras, inaugurada no passado mês de março, está ameaçada, estando as lavas a aproximadamente 500 metros deste edifício.

A sede do Parque Natural, financiada pela Alemanha, é o primeiro edifício à entrada da povoação de Portela, uma das duas que compõe a localidade de Chã das Caldeiras, o que significa que as lavas se encaminham em direção dos locais de residências.

Para além de afetarem as ligações rodoviárias, as lavas destruíram equipamentos de uma empresa de telecomunicações, deixando as localidades afetadas sem comunicação telefónica.

Entretanto, o geofísico Bruno Faria, do Instituo Nacional da Meteorologia e Geofísica (INMG), que tem vindo a fazer a monotorização do vulcão do Pico, alerta que não há previsão da duração da erupção, um fenómeno que, no passado, prolongou-se por um a dois meses.

Enquanto isso, o Governo fez chegar à ilha do Fogo, por meios aéreos e marítimos, apoios humanitários que incluem colchões, tendas, geradores, militares e quadros técnicos da Proteção Civil e da Cruz Vermelha.

Embora o Governo ainda não tenha feito nenhum pedido de ajuda internacional para fazer face a esta situação, o primeiro-ministro, José Maria Neves, disse que, caso houver necessidade e em função do evoluir da situação, não hesitaria em fazê-lo.

A embaixadora dos Estados Unidos da América, Adrienne O’Neal, disse domingo que o seu país está disponível para ajudar Cabo Verde a enfrentar a situação criada pela erupção do vulcão do Fogo.

O arquipélago vizinho das Canárias também já manifestou às autoridades cabo-verdianas a sua disponibilidade em ajudar com meios materiais e humanos, nomeadamente a disponibilização de meios aéreos como helicópteros, que ainda não existe em Cabo Verde.

-0- PANA CS/TON 24nov2014