Empresas cabo-verdianas recebem crédito bancário para minimizar efeitos do Covid-19
Praia, Cabo Verde (PANA) - As empresas cabo-verdianas poderão submeter, a partir da próxima segunda-feira, as suas candidaturas a quatro linhas de crédito dos bancos comerciais, no âmbito das medidas de combate ao impacto do novo coronavírus (Covid-19).
O anunciou do início da concessão do crédito no montante global de quatro mil milhões de escudos (cerca de 400 milhões de euros) foi feito em conferência de imprensa, quinta-feira, pelo presidente da Pró-Empresa, Pedro Barros.
A Pró Empresa é o instituto público que tem a missão de promover, facilitar e acompanhar o investimento privado nacional de micro, pequenas e médias empresas (MPME), em todos os setores da economia de Cabo Verde.
Pedro Barros explicou que, para aceder a estas linhas, as empresas têm de estar de boa saúde financeira e apresentar, no mínimo, as contas de 2018 para provar uma situação líquida positiva.
“Não poderão estar em situação de incumprimento e terão de apresentar algum comprovativo de que, a partir de 1 de março de 2020, houve, efetivamente, redução de receitas, o que as coloca em situações de dificuldade.
Devem igualmente apresentar o comprovativo do cumprimento das obrigações ficais e tributárias, que estão reguladas, completou.
Ele explicou ainda que as linhas de crédito, no seu geral, se destinam ao reforço da tesouraria e fundo de maneio.
Tendo em conta os fins a que se destinam, Pedro Barros disse acreditar que a decisão da disponibilização dos recursos poderá ocorrer dentro de uma a duas semanas.
Pedro Barros anunciou ainda que os bancos comerciais já acordaram, num primeiro momento, que vão ser criadas equipas técnicas específicas para poder dar respostas mais rápidas aos pedidos de crédito nesse âmbito.
O gestor frisou que protocolos específicos serão assinados entre o Ministério das Finanças e cada um dos bancos, com o envolvimento da Pró-garante, enquanto entidade que emite a garantia, e da Pró- Empresa, que fará o acompanhamento.
Uma plataforma de candidatura ou pedido dos créditos, adiantou, será criada para garantir que todas as empresas, independentemente da sua localização geográfica, possam concorrer aos financiamentos.
Presente no encontro com os jornalistas esteve também António Monteiro, presidente da Comissão Executiva (PCE) da Caixa Económica de Cabo Verde (CECV), uma das maiores instituições bancárias do país.
Monteiro disse que os bancos entendem que se trata de uma situação de exceção e que importa permitir às empresas manter empregos e estar prontas para o pós-crise.
“Não se pode permitir que as empresas fechem as portas neste momento. Para que as empresas se mantenham em estado de prontidão, é preciso liquidez, é preciso tesouraria e esta linha de garantia do Estado para o financiamento (...) visa precisamente permitir a essas empresas cumprir essas obrigações e manter em estado de prontidão para o pós-crise”, realçou.
Por seu turno, José Luís Neves, secretário-geral da Câmara de Comércio, Indústria e Serviços de Sotavento (CCISS), representativa da classe empresarial, avançou que a instituição apoia as medidas anunciadas pelo Governo no sentido da operacionalização dessas linhas de créditos.
Explicou que estas foram criadas para serem mais céleres e para que as burocracias sejam minimizadas ao máximo.
“Pensamos que caso tenhamos necessidade de rever as medidas, também haverá toda a abertura por parte do Governo, e por parte também dos bancos centrais, para avançarmos neste sentido”, garantiu.
Por enquanto, para José Luís Neves é satisfatório o montante de quatro milhões de contos para o reforço da tesouraria e para o reforço do fundo de maneio das empresas.
O representante do setor privado mostrou-se ainda disponível para voltar a discutir medidas que terão impacto a médio e longo prazos.
As linhas de crédito terão a garantia do Estado, de entre 80 e 100 por cento, com um período de carência de seis meses, um prazo de amortização de entre cinco e seis anos e uma taxa de juros de três por cento.
-0- PANA CS/IZ 03abril2020