Agência Panafricana de Notícias

Editoras africanas lutam por melhor lugar no mercado da edição

Nairobi, Quénia (PANA) - Livreiros e editores africanos convidaram segunda-feira os seus Governos a não monopolizarem a publicação das obras escolares e de outros documentos pedagógicos e a cederem uma parte ao setor privado.

No âmbito de uma conferência internacional organizada pela Associação para o Desenvolvimento da Educação em África (ADEA), para discutir a evolução do livro no continente, os editores apelaram para a assinatura de acordos tripartidos entre os livreiros, os editores e os Governos, para encontrar uma solução ao custo alto dos livros em África onde a maioria das pessoas dificilmente tem acesso às novas tecnologias.

Guru Redhi, presidente da Associação dos Livreiros Sul-africanos, revelou que o Governo do seu país "desaloja" os editores privados aos quais não reconhece nenhuma importância e "continua a exercer o monopólio no mercado da edição".

Queixas similares foram exprimidas pela Associação dos Editores do Quénia, que sublinhou igualmente o "grande problema" da implicação do Governo no setor da edição.

"As editoras nacionais são um grande problema no Quénia. É um problema que temos de contornar. Esperamos poder aceder aos mercados", disse David Muita, presidente da Associação dos Editores Quenianos.

Falando ainda no âmbito desta conferência internacional da ADEA, que reúne cerca de 60 editores, representantes de Governos e livreiros, Muita explicou que a implicação do Estado deve ser controlada, no interesse do setor da educação em África.

Por seu turno, o editor ugandês Charles Batambuza considerou que as editoras quenianas "não estão tão afetadas" pelo monopólio do Governo como as suas similares dos outros países da África Ocidental onde os Governos se reservam o monopólio da publicação dos livros escolares, sem conceder um lugar às editoras privadas no mercado, enquanto na África Oriental, este monopólio "foi quebrado".

Indicou que o Quénia contava cerca de 40 editoras autorizadas, engajadas na publicação de livros do ensino primário, secundários e superior, o que, segundo ele, reduz o monopólio do Estado.

Todavia, Muita acrescentou que o Quénia sofre igualmente da proliferação "das editoras não autorizadas" que não pertencem a nenhuma associação reconhecida, indicando ter visto circular "falsos livros", enquanto, no seu ponto de vista, os livreiros apenas devem vender livros publicados por casas reconhecidas.

Ronke Orimolade, crítico literário e editor nigeriano famoso, advertiu contra a implicação do Governo no setor da edição e a sua propensão a tratar algumas editoras com desprezo nos seus países, enquanto fora do continente gozam de uma certa consideração.

Numa altura em que o Quénia prevê suprimir o Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) em livros e outros equipamentos inclusos na produção de livros, Orimolade sustenta que o IVA constitui um dos fatores agravantes do custo dos livros, preconizando que "é preciso suprimir o IVA sobre o material de impressão dos livros".

"Os livros não são considerados como uma parte da nossa cultura. Temos de produzir obras de qualidade na língua local, enquanto os livros de qualidade são muito caros para os livreiros locais".

-0- PANA AO/BOS/FJG/SSB/IBA/CJB/IZ 03out2011