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Economista prevê pior ano para Cabo Verde devido à covid-19

Praia, Cabo Verde (PANA) - O economista bissau-guineense e antigo secretário-geral adjunto das Nações Unidas, Carlos Lopes, prevê que 2020 será um dos piores anos dos últimos 25 para Cabo Verde, devido aos efeitos da covid-19 na sua economia.

Citado pela Rádio de Cabo Verde, Carlos Lopes admite que o arquipélago poderá vir a ser um dos países africanos de língua portuguesa mais afetados pela crise económica que se seguirá à pandemia do novo coronavírus.

O economista aponta a estagnação do setor do turismo, dos serviços e a quebra acentuada nas remessas dos emigrantes como as principais causas da recessão, em Cabo Verde.

“O turismo vai estar completamente parado e, portanto, há uma fonte de receita enorme do país que vem não só do turismo diretamente, mas das atividades conexas, nomeadamente serviços, que estão afetados indiretamente por falta de turismo”, disse.

Para Carlos Lopes, que atualmente ocupa o cargo de alto representante da União Africana (UA) para negociações com a Europa, a logística de Cabo Verde está completamente afetada por estes desenvolvimentos.

Ele destacou que o futuro da companhia aérea do arquipélago, a Cabo Verde Airlines, é muito duvidoso e também os transportes marítimos "vão sofrer várias convulsões".

“Portanto, temos aqui não só um problema de dívidas, mas também a subsistência do setor como foi definido. Igualmente, as remessas dos emigrantes, que são uma contribuição segura e regular, vão ser duramente diminuídas.

"As pessoas estão a viver dificuldades nos países de origem que nunca viveram durante todo o seu período de emigração", justificou.

Por tudo isso, Carlos Lopes diz que a previsão do Governo de um decréscimo do PIB na ordem dos cinco por cento é ainda optimista, pois, argumentou, a retoma do setor do turismo não deve acontecer antes de 2021.

“Nos mercados de origem dos turistas, as próprias pessoas vão estar numa situação económica em que a prioridade não será fazer férias. Portanto, seus planos de férias vão ser completamente empurrados para 2021.

"Logo, duvido que haja uma retoma do mercado turístico tradicional ainda este ano. Os serviços, que são outra das componentes essenciais do funcionamento da economia cabo-verdiana, vão ser duramente afetados pelas medidas de confinamento”, precisou.

Na opinião do economista,  Cabo Verde tem de se preparar para um crescimento negativo para lá do cinco negativo, e 2020 vai ser, provavelmente, o ano mais difícil do país, nos últimos 25.

“E isto não tem nada a ver com a prestação, a performance de Cabo Verde. Tem a ver, sim, com uma crise mundial e o facto de a economia do arquipélago ser extremamente vulnerável”, admitiu

No que se refere ao desemprego, o economista prevê que a taxa será de mais de 20 por cento, com o país a atravessar um ano bastante difícil.

A boa notícia, ainda segundo o analista, é que, apesar do início do próximo ano ainda ser difícil, a retoma da economia e a diminuição do desemprego deverá acontecer, em 2021.

-0- PANA CS/IZ 16abril2020