Agência Panafricana de Notícias

Dois ministros suspensos por fraude no Quénia

Nairobi- Quénia (PANA) -- No quadro da luta contra a corrupção e a impunidade no seio do Governo, o primeiro- ministro queniano, Raila Odinga, suspendeu, domingo, o ministro da Agricultura, William Ruto, e o seu homólogo da Educação, Samuel Ongeri, depois de terem sido citados num relatório sobre a sua implicação num grande assunto de corrupção.
Num comunicado transmitido à imprensa, Raila Odinga indicou ter tomado a decisão de suspender os dois ministros durante três meses para levar a cabo um inquérito sobre os dois escândalos financeiros em que estes últimos estariam implicados.
O primeiro-ministro que supervisiona todos os Ministérios, precisou que a decisão foi tomada em consonância com o Presidente da República, Mwai Kibaki.
Porém, replicando quase imediatamente, Ongeri confiou aos jornalistas presentes no seu gabinente que não vai ceder à intimidação.
"Tomei esta decisão porque dois recentes inquéritos levados a cabo sobre o escândalo do milho e o relatório interno do auditor geral do Ministério da Educação levaram-nos com razão a interpelar dois ministros", declarou Odinga.
Ele frisou que, a fim de permitir ao Governo levar a cabo um inquérito justo, independente e global que determine os que devem ser objecto de acções judiciárias, é necessário que Ruto e Ongeri estejam suspensos", acrescentou.
Ele ordenou assim à Comissão Queniana de Luta contra a Corrupção (KACC), à Polícia, através do seu Departamento das Investigações Criminosas, e à Inspecção das Empresas Públicas para aprofundarem os inquéritos sobre os dois escândalos.
Não houve reacção imediata por parte de Ruto, que alegadamente estava fora de Nairobi (capital do país) a participar numa série de comícios na província do Vale de Rift de que é originário.
Ongeri é membro do Partido da Unidade Nacional do Presidente Kibaki enquanto Ruto milita no Movimento Democrático Laranja (ODM), os dois partidos formam a Grande Coligação Governamental.
Esta medida do primeiro-ministro que a população esperava desde há muito tempo intervém um dia depois de oito altos responsáveis do Governo terem sido obrigados a demitir-se no quadro destes dois escândalos cifrados em milhões de dólares perdidos.
Uma auditoria interna do Ministério da Educação revela que o Governo perdeu o equivalente de 146 milhões de dólares americanos.
O Ministério da Agricultura, na sequência das perdas registadas na estratégica reserva cerealífera nacional, perdeu o equivalente de 349 milhões de dólares americanos em operações nebulosas.
A suspensão dos ministros invervém algumas horas depois de 40 organizações da sociedade civil terem lançado um ultimato, para domingo à meia-noite, ao Presidente Kibaki e ao seu primeiro-ministro para demitirem os dois ministros das suas funções.
Uma parte destas organizações desejava igualmente que o primeiro-ministro assuma a responsabilidade política pela perda do dinheiro do contribuinte já que é o supervisor de todos os Ministérios.