Divida de Cabo Verde a Portugal financia fundo climático
Praia, Cabo Verde (PANA) – Cabo Verde e Portugal assinam esta terça-feira em Lisboa (capital portuguesa), com um memorando de entendimento sobre a utilização da amortização da dívida do primeiro ao segundo no financiamento do fundo cabo-verdiano para o clima e transição energética, apurou a PANA de fonte segura.
Rubricam esta terça-feira o referido acordo o primeiro-ministro de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva, e o seu homologo português, António Costa, segundo a mesma fonte.
O anúncio da utilização da amortização da dívida de Cabo Verde a Portugal, que, a valores de 2021, ascendia a mais de 600.000.000 euros, foi feito em janeiro de 2023 pelos Governos dos dois países, aquando da participação de António Costa na Cimeira dos Oceanos decorrida nessa altura na cidade do Mindelo, na ilha cabo-verdiana de São Vicente.
Nessa ocasião, ficou selado o compromisso de que de cada vez que Cabo Verde liquidar valores do pacote global da dívida, essa verba seria reinvestida pelo Governo de Lisboa no Fundo Climático e Ambiental que pretende proporcionar maior proteção do ambiente e ganhos económicos a este arquipélago.
Para António Costa, “nenhum país será sustentável se todos os países não forem sustentáveis. É um trabalho que tem de ser feito em conjunto.”
“É por isso que Portugal quer comparticipar no fundo que Cabo Verde está a criar para o clima e a transição energética, investindo integralmente todo o montante em amortização da dívida de Cabo Verde a Portugal”.
Por sua vez, o primeiro-ministro cabo-verdiano disse tratar-se de um acordo que representa "um exemplo" e "um engajamento muito forte", sobretudo face aos efeitos que o arquipélago já enfrenta com as alterações climáticas, nomeadamente uma seca prolongada desde 2016, além da crise económica provocada pela pandemia da covid-19 e o impacto da crise inflacionista decorrente da guerra na Ucrânia.
Ao anunciar a criação de Fundo Climático e Ambiental, no início do ano, Ulisses Correia e Silva explicou que o mesmo terá várias componentes, nomeadamente na transformação da dívida em financiamento climático e ambiental e proporcionar uma maior proteção do ambiente e ganhos económicos, de uma forma equilibrada e sustentada para as pessoas.”
O Governo de Cabo Verde quer, com o Fundo Climático e Ambiental, conseguir mobilizar, até 2025, montantes na ordem dos 12.000.000 euros junto do Governo português, ou seja, uma resposta à necessidade de tornar Cabo Verde “mais resiliente” e com uma economia “mais diversificada” no domínio do financiamento climático e ambiental.
-0- PANA CS/DD 19junho2023