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Diplomata francês destaca nova era nas relações entre França e Angola

Luanda, Angola (PANA) - Angola e França abriram uma nova página das suas relações e da sua história comum, graças à uma relação especial estabelecida entre os líderes dos dois países, declarou sábado, em Luanda, o embaixador francês, Sylvain Itté.

Falando por ocasião das comemorações da Festa Nacional de França, assinalada todos os anos a 14 de julho, Sylvain Itté sublinhou que uma “excelente dinâmica de cooperação” está a agora a desenvolver-se entre os dois Estados, que “decidiram trabalhar juntos a níveis bilateral e multilateral”

Segundo ele, o Presidente angolano, João Lourenço, “soube estabelecer uma relação especial" com o seu homólogo gaulês, Emmanuel Macron, o que permitu aos dois países “iniciar um diálogo contínuo e estreito em vários domínios", nomeadamente político, diplomático e estratégico”.

“Nós compartilhamos, sobre muitos assuntos regionais e internacionais, a mesma análise e decidimos trabalhar juntos a nível bilateral e multilateral”, declarou o diplomata francês, acrescentando que “a nossa cooperação económica reforça-se a cada dia”.

Disse ter boa esperança de que muitas empresas francesas escolherão Angola como destino do seu desenvolvimento em África.

Sylvain Itté destacou a importância do discurso proferido pelo Presidente Lourenço, na semana passada, no Parlamento europeu, em Estrasburgo, em que o estadista angolano “lembrou precisamente a necessidade de trabalhar juntos”.

No seu entender, África e a Europa devem conjuntamente criar uma política de cooperação comum que ajudará África a desenvolver-se e restabelecer a esperança para a sua juventude.

Recordou a constatação do Presidente João Lourenço, no seu discurso em Estrasburgo, de que os dramáticos acontecimentos registados atualmente com uma emigração em massa de jovens africanos, que na sua maioria acabam por morrer no Mediterrâneo, “constituem uma vergonha tanto para os países europeus quanto para os países africanos”.

Disse acreditar que Angola pode desempenhar “um papel primordial e positivo” na elaboração de uma nova relação entre os dois continentes”, e que “França estará disponível ao seu lado nesta missão”.

Sobre os compromissos assumidos durante a visita de Lourenço a França, em maio último, incluindo uma Declaração de intenções assinada como princípio orientador da relação bilateral, o embaixador francês assegurou que todos eles serão implementados na prática.

Trata-se de acordos de cooperação rubricados nos domínios da Defesa, da Agricultura, dos Transportes e do Turismo, bem como “importantes financiamentos e investimentos” que foram anunciados.

“Todos esses anúncios não vão ficar como simples folhas de papel guardado no fundo de uma gaveta. Alguns já estão a ser implementados. Outras iniciativas estão ainda para vir, em breve”, concluiu.

A visita de João Lourenço a França foi a sua primeira deslocação oficial à Europa, desde a sua investidura como chefe de Estado angolano, em setembro de 2017, na sequência das eleições gerais de agosto do mesmo ano.

Na altura, o Presidente João Lourenço reafirmou a vontade do seu país de estreitar "cada vez mais" as relações entre os dois países, tendo para o efeito manifestado o interesse de Angola ser membro da Organização Internacional da Francofonia (OIF).

"Vim reafirmar aqui a vontade de Angola em estreitarmos cada vez mais as nossas relações. Daí o facto de termos manifestado também o interesse em sermos membros (…) da OIF, pelo importante papel que esta organização joga no mundo, mas muito em particular no nosso continente em África", afirmou na altura o chefe de Estado angolano.

Em resposta, Emmanuel Macron declarou o seu apoio e agradeceu a João Lourenço por "ter escolhido França para primeiro destino na Europa desde a sua eleição", manifestando também o desejo de "continuar a aprofundar as relações e a trabalhar juntos".

"Quero agradecer por ter decidido ter um papel acrescido na Francofonia (...) e espero que, no âmbito das ambições para a francofonia que temos todos, o seu país possa ter o seu lugar pleno", afirmou o chefe de Estado francês.

A visita de João Lourenço a França permitiu igualmente assinar vários acordos no domínio petrolífero entre Angola e o grupo francês Total, incluindo um contrato de serviço a riscos relativo à permissão de exploração do Bloco 48 em offshore profundo.

Um outro acordo foi assinado no quadro de um consórcio entre a Total e a Sonangol para desenvolver conjuntamente uma rede de estações de serviço em Angola, incluindo a logística e o fornecimento de produtos petrolíferos.

As relações diplomáticas entre os dois Estados datam de 17 de fevereiro de 1976, quando França reconheceu a Independência de Angola, antes da assinatura do Acordo Geral de Cooperação seis anos mais tarde, a 26 de julho de 1982.

Desde dezembro de 2013, vigora entre os dois países um acordo de supressão de vistos em passaportes diplomáticos e de serviço, para facilitar a circulação dos seus cidadãos nacionais entre os dois Estados.

O acordo clebrado na capital francesa, foi assinado pelos chefes de diplomacia de então nos dois países, designadamente Georges Chikoti (Angola) e Laurent Fabius (França), à margem da Cimeira de Paris sobre Paz e Segurança em África.

-0- PANA IZ 15junho2018