Demissão de Governo é irreversível, diz Presidente da Guiné-Bissau
Ziguinchor, Senegal (PANA) – O Presidente bissau-guineense, José Mário Vaz, indicou domingo que o seu decreto que demite o Governo do primeiro-ministro Aristides Gomes "é irrevogável".
Mário Vaz falava na localidade de Ptiche, no interior do país, no quadro da campanha eleitoral que arrancou sábado, no país, e garantiu aos seus apoiantes que não fará "marcha-atrás" seja qual for a situação.
"Posso assegurar-vos que a minha decisão de exonerar o Governo é irreversível. O meu decreto não cairá na água. Já não havia condições de coabitação entre o Presidente e o primeiro-ministro destituído”, disse, revelando que Aristides Gomes não assistia às reuniões oficiais que ele convocava.
Declarou igualmente que, logo após o seu regresso a Bissau, vai convocar a reunião do Conselho de Defesa Nacional para analisar, enquanto comandante-em-chefe das Forças Armadas, o que considera como "uma desobediência" por parte do Governo destituído.
José Mario Vaz demitiu, na semana passada, o Governo de Aristides Gomes, nomeado depois das eleições legislativas de março passado, vencidas pelo Partido Africano da Independência da Guiné Bissau e Cabo Verde (PAIGC).
No dia seguinte, nomeou um novo primeiro-ministro, na pessoa de Faustino Fudut Imbali, saído do Partido de Renovação Social (PRS) do antigo Presidente Kumba Yalá.
Por seu turno, Aristides Gomes, apoiado pelo seu partido o PAIGC rejeitou a exoneração, considerando que continua a ser o primeiro-ministro da Guiné-Bissau.
Afirmou que o seu Governo não reconhecia a decisão de José Mário Vaz, porque ele é candidato às presidenciais e o seu mandato como Presidente da República terminou a 23 de junho último, permanecendo em funções por decisão da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO).
A CEDEAO, que tenta restabelecer a ordem na Guiné- Bissau, também rejeitou a decisão de demitir Gomes e sua equipa, e enviou uma missão de mediação para evitar mergulhar o país no impasse a menos de um mês das eleições presidenciais de 24 de novembro corrente.
Fontes concordantes indicam que todos os Bissau-guineenses esperavam a missão da instituição sub-regional com muitas expetativas, mas que a montanha "pariu um rato", uma vez que nenhum compromisso foi alcançado.
Depois desta missão frustrada, a CEDEAO mantém a sua posição de rejeitar a nova equipa governamental, liderada por Faustino Fudut Imbali e reafirmou o seu apoio ao Governo de Aristides Gomes.
Num comunicado entregue à imprensa, a CEDEAO insta os 12 candidatos às eleições presidenciais a colocar os interesses superiores da Guiné-Biussau acima de tudo, e felicitou a ministra das Forças da ECOMIB, despachada pela CEDEAO para a Guiné Bissau e as Forças Armadas bissau-guineenses.
A União Africana, a União Europeia, a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e as Nações Unidas condenaram igualmente a decisão do Presidente José Mário Vaz de demitir a equipa liderada por Aristides Gomes e declararam que apenas reconhecem o Executivo saído das eleições legislativas de 10 de março.
A campanha eleitoral para as eleições presidenciais vai decorrer até 22 de novembro.
-0- PANA MAD/TBM/MAR/IZ 04nov2019