Delegação do TPI esperada em Bamako
Bamako, Mali (PANA) – Uma delegação do gabinete da Procuradoria do tribunal Penal Internacional (TPI) é esperada esta quarta-feira em Bamako para uma visita oficial ao Mali, anunciou num comunicado a procuradora desta instituição intyternacional, Fatou Bensouda.
O objetivo da visita é, segundo Bensouda, inquirir sobre o ataque contra a aldeia de Ogossagou, no centro do Mali, onde pelo menos 160 pessoas foram massacradas, a 23 de março último.
"Condeno firmemente estes crimes e apelo a todas as partes em causa para se absterem de recorrer à violência. O meu gabinete está em contacto estreito com as autoridades malianas, nomeadamente no quadro destes eventos assinalados recentemente”, indicou a jurista gambiana no comunicado.
Segundo ela, o gabinete tomará todas as medidas que se imponham, em complementaridade com o sistema de justiça penal do Mali, para que os que participaram ou contribuíram para o se assemelha a crimes abomináveis, suscetíveis de ser da competência do TPI sejam objeto dum inquérito e perseguições.
"De imediato, uma delegação do Gabinete vai reunir-se nesta semana com representantes das autoridades competentes malianas para discutirem sobre estas questões”, indicou a procuradora na nota.
Acrescentou que “qualquer indivíduo que incitar a cometer ou cometer atos de violência, nomeadamente exigindo, solicitando ou encorajando o cometimento de crimes que sejam da competência do TPI, ou contribuindo de qualquer maneira para tal, expõe-se a processos judiciais diante do Tribunal, para o pleno respeito pelo princípio de complementaridade. As violências devem cessar”.
Segundo Fatou Bensouda, a situação no Mali foi transmitida ao seu gabinete pelas autoridades malianas em 2012 e um inquérito foi aberto, um ano depois.
O TPI mantém-se informada sobre esta situação e continuará a acompanhar de perto os eventos no centro do Mali”, advertiu.
O centro do Mali é palco, nos últimos tempos, dum recrudescimento de tensões cujo pico foi o ataque, sábado último, da aldeia de Ogossagou, onde pelo menos 160 pessoas foram mortas por homens armados.
Há mais dum ano, conflitos intercomunitários opõem Fulas (criadores de gados) aos Dogons (camponeses), fazendo centenas de mortos em ambas as partes.
Os Dogons acusam, muitas as vezes, os Peuls de ser cúmplices do djiahista (islamita) Amadou Koufa, chefe da Katiba do Macina, o predicador Fula, anunciado como tendo sido morte durante um ataque conjunto das Forças Armadas Malianas e da força francesa Barkane, em novembro passado, mas que apareceu recentemente num vídeo para desmentir a sua morte.
-0- PANA GT/JSG/MAR/DD 27março2019