Agência Panafricana de Notícias

Crise no Egito continua a fazer mortos entre manifestantes e polícias

Cairo, Egito (PANA) - O banho de sangue continua no Egito com a morte de polícias e manifestantes neste país da África do Norte que se dividiu em dois e continua a ser objeto de críticas internacionais.

Segundo a imprensa local, 24 polícias, que viajavam num autocarro, foram mortos segunda-feira por homens armados não identificados, na Península do Sinai, e dois outros ficaram feridos neste ataque ocorrido perto da cidade de Rafah.

O ministro do Interior revelou segunda-feira à noite que pelo menos 35 manifestantes morreram em circunstâncias controversas, quando estavam a ser conduzidos para uma prisão fora da cidade de Cairo.

Estes manifestantes faziam parte de cerca de mil detidos sexta-feira, durante a "Marcha da Ira" , organizada pela Irmandade Muçulmana, que considera que estes falecimentos mostram uma outra forma de assassinato a sangue frio instaurada pelo Governo apoiado pelo Exército.

Contudo, a versão oficial defende que os prisioneiros ficaram asfixiados com os gases lacrimogéneos lançados pelas forças da ordem para intimidar os prisioneiros que fizeram refém um polícia e tentaram pôr-se em fuga.

Outras informações revelam que o autocarro que transportava os polícias parou depois de o polícia ser feito refém, quando desconhecidos armados aproveitaram para atacar o cortejo que transportava cerca de 600 manifestantes em direção à prisão.

Mais de 630 pessoas morreram no Egito desde quarta-feira passada, quando as forças de segurança atacaram dois sítios na capital, onde os apoiantes do ex-Presidente Mohamed Morsi estavam instalados durante semanas.

A Irmandade Muçulmana, que organizou estas manifestações apelou para uma "marcha da raiva" no Cairo sexta-feira passada, ignorando o estado de emergência imposto nas vésperas ao se seguiram confrontos entre manifestantes e forças de segurança, fazendo 173 mortos.

As Nações Unidas, a União Europeia, os Estados Unidos e vários países condenaram o uso da força pelas autoridades egípcias que dizem lutar contra terroristas.

O chefe do Exército, Abdel Fattah el-Sisi, que anunciou a destituição de Morsi, afirmou domingo que o Governo interino já não iria tolerar novos ataques, acrescentando que o Egito continuava firme e não vai ceder à violência.

Um responsável do Governo interino revelou que se estava estudar um quadro legal para dissolver o Partido "Justiça e Liberdade" da Irmandade Muçulmana que apoiou a candidatura de Mohamed Morsi às presidenciais.

Os militares destituíram Morsi a 03 de julho depois de vários dias de manifestações na Praça Tahrir, no Cairo, de dezenas de milhares de pessoas que o acusavam de promover a agenda religiosa da Irmandade Muçulmana em vez de desenvolver o país.

-0- PANA MA/SEG/FJG/SSB/MAR/IZ 20agosto2013