Agência Panafricana de Notícias

Crise do euro impacta ajuda pública ao desenvolvimento em África

Addis Abeba, Etiópia (PANA) - A crise do euro deverá impactar de modo drástico a ajuda pública ao desenvolvimento em África, na medida em que a União Europeia (UE) é o primeiro fornecedor de ajuda ao continente, adverte o Relatório sobre a África de 2012, divulgado terça-feira pela Comissão Económica das Nações Unidas para a África (CEA).

O relatório, divulgado durante a reunião dos ministros das Finanças africanos decorrida de segunda a terça-feira em Addis Abeba, na Etiópia, ressalta que países como a França e a Itália já reduziram a ajuda bilateral a África devido à crise económica mundial.

"A África poderá enfrentar uma redução dos investimentos diretos estrangeiros da UE e de outras partes do mundo a curto prazo devido à crise da dívida soberana e do abrandamento resultante do crescimento mundial'', segundo o relatório.

O comércio deverá ser o canal mais importante do impacto da crise da dívida sobre África. Em 2010, as exportações de mercadorias de África para a UE representavam 10,3 porcento do seu Produto Interno Bruto (PIB) e 36,2 porcento das suas exportações totais.

Segundo o relatório, a produção global da África Austral progrediu 3,8 porcento em 2010, com variações consideráveis na sub-região.

A África do Sul, cuja integração é maior com os mercados mundiais, recuperou lentamente, progredindo só de 2,8 porcento em 2010 para 3,1 porcento em 2011.

O seu crescimento resultou da retoma das despesas de consumo que, por sua vez, tem como suporte o crédito barato e uma fraca inflação.

O Botswana, Moçambique e a Zâmbia atingiram um crescimento sólido e registaram um crescimento de mais de 6 porcento, refletindo a alta da produção mineira e da forte procura mundial de minerais e, no caso da Zâmbia, uma colheita abundante.

O crescimento de Angola e do Zimbabwe ultrapassaram 4,0 porcento, graças à produção de petróleo, ao investimento e a uma melhoria do clima político e económico.

O relatório ressalta todavia que persistem ainda níveis elevados de desemprego, nomeadamente na camada juvenil.

"Um retrato positivo da África nos circulos internacionais é animador, no entanto o Relatório económico sobre a África de 2012 apresenta uma análise mais prudente e mais matizado da trajetória de crescimento do continente", sublinharam o Secretário Executivo da CEA Abdoulie Janneh e o Presidente da Comissão da União Africana, Jean Ping, numa mensagem comum.

-0- PANA MM/SEG/AKA/TBM/IBA/CJB/DD 27mar2012