Agência Panafricana de Notícias

Criança comoriana escapa à expulsão de França

Paris- França (PANA) -- Uma criança comoriana de cinco anos de idade, chegada sozinha ao aeroporto de Roissy-Charles-de-Gaulle, em região parisiense, escapou recentemente a uma expulsão do território francês, revelou quinta-feira em Paris uma investigadora da Organização não Governamental Human Rights Watch (HRW).
"A Polícia de Fronteiras queria recambiá-la para o Iémen donde chegou a França, sem nenhuma garantia que seria acolhida ali por um membro da sua família.
Mas a Justiça ordenou a sua liberdade, o que lhe permite viver em França", explicou Simone Troller.
Falando durante a apresentação dum relatório intitulado "Perdidos em Zona de Espera: Protecção Insuficiente dos Menores Isolados no Aeroporto de Roissy-Charles-de Gaulle", Troller deu conta de vários casos doutros menores africanos que a Polícia tentou recambiar para países por onde teriam transitado para vir a França.
"Um menor tchadiano esteve à beira da sua deportação para o Egipto, bem como um outro menor que esta para ser recambiado para o Líbano.
Nos dois casos, estes menores deviam ser expulsos de França para os seus países de trânsito", prosseguiu a investigadora da HRW.
Segundo a ONG de defesa dos direitos humanos, França não oferece garantias de protecção suficientes para os menores isolados que chegam anualmente ao seu território.
"Cerca de um milhar de menores chegaram em 2008 a França.
As decisões sobre o seu futuro foram tomadas em prazos extremamente breves.
Tudo se passa como se o Estado não tivesse o tempo de estudar a história pessoal de cada criança para lhe conceder a protecção adequada", deplorou Troller.
Ela deplorou, por outro lado, que os menores estrangeiros que chegam sozinhos a Roissy tenham sido detidos com os adultos nas zonas de espera para pessoas não admitidas em território francês.
"Esta situação expõe-os à violência por parte dos adultos.
Recolhemos vários testemunhos que o atestam.
Por outro lado, estes menores são submetidos a violências como o porte de algemas ou intimidações policiais", disse ainda a especialista das crianças migrantes, baseada em Genebra, na Suiça.
França, que endureceu as condições de acolhimento e de estada dos estrangeiros no seu território, prevê reconduzir para os seus países de origem, em 2009, cerca de 27 mil pessoas em situação irregular.
Várias ONG de defesa dos direitos humanos e associações de apoio aos estrangeiros denunciam regularmente a política das cifras, estimando que a luta contra a emigração clandestina não pode exclusivamente ser alvo duma resposta administrativa.