Côte d'Ivoire informa CEDEAO sobre caso de 46 soldados seus detidos no Mali
Ouagadougou, Burkina Faso (PANA) – O Governo ivoirense anunciou, no termo de uma reunião extraordinária do conselho de segurança realizada quarta-feira, ter contactado a Comissão da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) com vista à organização, o mais cedo possível, de uma reunião extraordinária dos chefes de Estado e de Governo para examinar a crise entre a Côte d’Ivoire e o Mali, a fim de culminar na libertação imediata dos nossos soldados.
« Face aos últimos desenvolvimentos que estão suscetíveis de prejudicar a paz e segurança na sub-região, o Presidente da República pediu ao ministro de Estado dos Negócios Estrangeiros para contactar a Comissão da CEDEAO com vista à realização, o mais cedo possivel , de uma reunião extraordinária dos chefes de Estado e de Governo para examinar a crise entre a Côte d’Ivoire e o Mali, a fim de culminar na libertação imediata dos nossos soldados”, lê-se no comunicado publicado no termo do encontro presidido pelo Presidente ivoiriense, Alassane Ouattara.
O Presidente da República « reiterou aos 46 soldados injustamente detidos no Mali bem como às suas famílias, todo o seu apoio e a sua solidariedade nestes momentos difíceis”, de acordo com o comunicado que precisa que Ouattara exortou os cidadãos ivoirienses à calma e moderação.
«Ele garantiu-lhes que todas as diposições foram tomadas para os nossos corajosos militares regressarem brevemente ao nosso país”, indica o comunicado.
A 10 de julho de 2022 em Bamako, 49 soldados ivoiriense foram detidos. Enquanto o Mali inculpou estes soldados de tentativa de desestabilização, a Côte d’Ivoire defendeu a sua inocência, explicando que estes soldados fazem parte da missão onusina no Mali.
« Estes soldados ivoirienses, enviados ao Mali na qualidade de oitavo destacamento do Elemento de Apoio Nacional no seio da Missão Multidimensional Integrada das Nações Unidas para a Estabilização do Mali (MINUSMA), foram detidos alegando que eles eram mercenários”, afirmou o comunicado das autoridades ivoirienses.
A Côte d’Ivoire reagiu oficial, a 12 de julho de 2022, através de um comunicado do Conselho Nacional de Segurança, para, por um lado, indicar que os 49 soldados são efetivamente militares ivoirienses em missão oficial e legal no Mali, e por outro lado, exigir a sua libertação sem delongas.
O comunicado precisa que vários contactos com os responsáveis malianos permitiram depois concluir que incompreensões e faltas estiveram na origem da detenção dos soldados.
« Por conseguinte, três soldados foram libertados e regressaram, a 3 de setembro de 2022, à Côte d’Ivoire.
« A 9 de setembro de 2022, enquanto se esperava pela próxima libertação dos 46 outros soldados cuja detenção foi considerada, pelo Mali, como um caso judicial, as autoridades malianas pediram que em troca da libertação destes 46 soldados, a Côte d’Ivoire extradita para o Mali, várias personalidades que segundo elas, “beneficiam da proteção da Côte d’Ivoire para desestabilizar o Mali”, afirmaram as autoridades ivoirienses.
« Este pedido confirma, de novo, o facto de que os nossos soldados não são, em caso nenhum, mercenários mas reféns”, de acordo com a mesma fonte.
O Conselho Nacional de Segurança «considera esta chantagem como inaceitável e exige a libertação, sem delongas, dos nossos 46 soldados”, de acordo com o comunicado que precisa a Côte d’Ivoire, país dedicado à paz, estabilidade e ao respeito do Estado de Direito na sub-região, “não se pode inscrever numa lógica de desestabilização de um país terceiro”.
Além disso, ele lembra as suas instruções segundo as quais os opositores políticos estrangeiros, residentes na Côte d’Ivoire, têm de observar, em qualquer circunstância, um dever de reserva absoluto relativo aos assuntos internos dos seus países de origem, disse.
-0- PANA TNDD/IS/FK 15set2022