Agência Panafricana de Notícias

Coronavírus obriga transportadora aérea cabo-verdiana suspender voos para Washington

Praia, Cabo Verde (PANA) - A Cabo Verde Airlines (CVA) anunciou sábado que vai suspender os seus voos para Washington, nos Estados Unidos, até 31 de maio, devido uma "significativa" redução da procura de clientes motivada por “preocupações globais de saúde relacionadas ao novo coronavírus (Covid-19)”, apurou a PANA, na cidade da Praia.

Em comunicado, a empresa refere que a medida entra em vigor este domingo, cerca de três meses depois do lançamento dos voos para a capital norte-americana.

“O atual surto de vírus está a afetar as companhias aéreas em todo o Mundo. Como resultado do surto, a reserva de voos diminuiu significativamente. Consequentemente, as companhias aéreas vêm reduzindo os seus horários de voo, o que também afeta as linhas aéreas de Cabo Verde”, lê-se no comunicado da CVA.

A transportadora aérea é, desde março de 2019, liderada por investidores islandeses, na sequência da privatização de 51 por cento do capital social da Transportes Aéreos de Cabo Verde (TACV).

Já tinha sido afetada pela decisão do Governo cabo-verdiano de suspender, durante pelo menos três semanas, até 20 de março, os voos de Itália, devido ao alastrar do surto de Covid-19 neste país europeu, deixando por isso de voar para Milão e Roma.

A CVA também suspendeu, por tempo indefinido, desde 01 de março, os voos da rota entre a ilha do Sal e Salvador da Bahia, no Brasil, reestruturação justificada então com os novos destinos da companhia.

Além disso, a companhia terminou com o voo direto entre Praia e Lisboa, cinco meses depois do lançamento, decisão que justificou com o objetivo de dinamizar o ‘hub’ na ilha do Sal.

Aquando do lançamento da ligação entre Sal e Washington, em dezembro passado, o portal especializado anna.aero apontava para um forte efeito, do novo serviço da companhia aérea cabo-verdiana, no mercado de ligações entre a maior cidade da Nigéria, Lagos, e a capital dos Estados Unidos.

Isto porque, anteriormente, era impossível concluir a viagem entre Lagos e Washington, em menos de 15:00 horas, mas que passou a ser possível fazê-lo em 13:25 horas.

Esta rota passou a ser muito mais eficiente do que o trajeto mais popular da Emirates, líder deste mercado com 20 por cento de participação, mas que obriga a que quase um terço da jornada envolva voar na direção contrária (Lagos - Dubai - Washington, 25:10 horas de viagem).

A British Airways, com a segunda maior quota de mercado entre Lagos e Washington, oferece um voo de 22:00 horas via Londres.

O terceiro maior operador, a Delta, viaja para a capital norte-americana em 16:32 horas, enquanto a outra companhia que oferece a mesma rota é a Royal Air Maroc, mas o voo, via Casablanca, demora 18:50 horas.

A CVA permite poupar três horas, quando comparada com a companhia que já oferece o serviço mais rápido. 

A transportadora aérea cabo-verdiana lançou, nos finais do ano passado, três novas rotas.

Tratam-se de serviços que abrangem a América do Norte, a América do Sul e África e que reforçam o objetivo da companhia aérea de se tornar na Icelandair de África, sendo que as conexões e o turismo são cruciais para a que a empresa cabo-verdiana consiga cumprir esta meta.

Cabo Verde não tem qualquer caso suspeito ou confirmado de Covid-19, atualmente.

A CVA afirma que a ilha do Sal, a mais turística do arquipélago e onde a companhia instalou o ‘hub’ para ligar os voos entre África, Europa e América, “continua a ser um destino seguro para os viajantes”.

-0- PANA CS/IZ 08março2020