Agência Panafricana de Notícias

Corno de África regista perda macica de animais durante secas, diz comissária

Nairobi, Quénia (PANA) - Falhas do mercado devido a restrições estruturais dos sistemas do continente, em termos de alimentação animal e forrageira, levaram a perda maciça de animais durante as secas que atingiram mais de 9.000.000 cabeças de gado no Corno de África, estimada em mais de 2.000.000.000 dólares americanos, soube a PANA de fonte oficial.

A informação foi dada no último fim de semana pela comissária da União Africana para a Agricultura, Economia Azul, Desenvolvimento Rural e Ambiente Sustentável, Josefa Correia Sacko, durante um fórum sobre o um projeto africano inaugural, designado AU-IBAR RESILIENTE, relativo a sistemas forrageiros e de alimentação animal resilientes,.

A diplomata angolana disse nessa ocasião que estes constrangimentos e desafios continuam a comprometer a realização e o aproveitamento da potencial contribuição do setor pecuário africano.

“Os alimentos para animais constituem 67 por cento do custo total de produção do gado, o que os torna um fator-chave da produção, produtividade, crescimento, estabilização e resiliência do gado”, garantiu a a comissaria.

Segundo ela, o setor dos alimentos para animais em África continua a ser muito pouco articulado e subdesenvolvido, com poucos países a terem subsetores económicos de alimentos para animais.

“A maioria dos produtores alimenta o que eles próprios cultivam ou o que é mais acessível, em vez de cumprir objetivos de produção específicos. Esta ineficiência é ainda agravada pelo desperdício de mais de 40 por cento dos recursos alimentares existentes”, destacou.

Disse que a dimensão e a cobertura rural do setor pecuário africano conferem-lhe um imenso potencial de distribuição, essencial para impulsionar o crescimento equitativo dos rendimentos e a sustentabilidade, o que o torna um recurso fundamnetal para a realização da Agenda 2063 da União Africana.

Na sua visão, os produtores, principalmente nas zonas rurais, geram enormes recursos animais que estão na base de um mega-negócio continental que vale anualmente milhares de milhões de dólares americanos.

Este setor da pecuária tem também um elevado efeito multiplicador para estimular o rápido crescimento de outros setores agrícolas, da indústria transformadora e dos serviços, o que o torna fundamental para alcançar o desejado crescimento económico acelerado e a transformação estrutural, segundo Joseja Sacko.

Deste modo, prosseguiu, a estratégia de desenvolvimento pecuário para África sublinha a necessidade urgente de se resolver a escassez de alimentos para animais, como uma prioridade fundamental para o setor pecuário.

Acresscentou que o Projeto de Sistemas Africanos Resilientes de Alimentação e Forragem (RAFFS, sigla em inglês) foi concebido para aproveitar soluções baseadas em evidências para intervenções de curto prazo, a fim de melhorar o acesso a alimentos e forragens de qualidade, a preços acessíveis, essenciais para garantir uma produção eficiente e sustentável de gado e de alimentos de origem animal.

Está também a ser concebido os sistemas de alerta de emergência que vai utilizar o setor dos alimentos para animais e o das forragens que facilitará uma melhor caracterização dos investimentos e a ativação de medidas corretivas muito antes de o efeito da escassez de alimentos ser evidenciado pela perda de animais e por catástrofes humanitárias, deu a conhecer.

Na sua óptica, o projeto é “altamente perspicaz”, na medida em que traz uma maior compreensão das causas subjacentes aos constrangimentos estruturais que têm impedido o crescimento dos sistemas  de alimentação e forragem no continente, assim como a construção de capacidades sistémicas para se analisar melhor e se interpretar dados para a busca de soluções baseadas em evidências.

Para o efeito, afirmou, o projeto promove ecossistemas de dados mais bem concebidos e mais coerentes e dados como um serviço acessível aos intervenientes do setor.

Também promove uma melhor identificação e coordenação das partes interessadas e necessárias para se realizar a mudança desejada, mecanismos de financiamento, seguros e investimentos para a atração e proteção dos investimentos, concluiu a diplomata angolana ao serviço pan-africano.

-0- PANA JF/DD 14fev2024

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