Agência Panafricana de Notícias

Cônsul ganense detido preventivamente por transferência ilegal de dinheiro em Cabo Verde

Praia, Cabo Verde (PANA) - O cônsul honorário do Gana e presidente da Plataforma das Comunidades Africanas Residentes em Cabo Verde, Tony Parker Danso, está preso, preventivamente, desde sexta-feira última por suspeitas de participação numa alegada fraude e transferência ilegal de dinheiro para o estrangeiro, sem autorização do Banco Central Cabo-verdiano, apurou a PANA neste fim de semana na cidade da Praia de fonte judicial.

Danso e a esposa, uma cidadã natural da Guiné-Bissau, ambos residentes na capital cabo-verdiana, foram acusados de participação num esquema de desvio de dinheiro em contas bancárias e de transferir posteriormente montantes desviados para o exterior, cobrando, para o efeito, dez por cento aos seus “clientes”.

Conforme relata a edição online do jornal cabo-verdiano “A Semana”, o caso veio à baila em finais de fevereiro último quando, numa manhã, uma pessoa, por sinal do marido de uma conhecida ministra, ao aceder à Rede Vinti4 (caixa automática multibanco), no Aeroporto Amílcar Cabral, na ilha do Sal, viu movimentos suspeitos na sua conta.

De imediato entrou em contacto com o seu banco, a Caixa Económica de Cabo Verde (CECV) e também com a Polícia Judiciária que desencadeou investigações preliminares, através das quais ficou-se a saber que este cliente foi vítima de uma fraude chamada “phishing”, ou seja de “pesca” de dados pessoais.

Este tipo de fraude ocorre quando um estranho se faz passar por uma pessoa ou empresa confiável e envia uma comunicação eletrónica por email, mensagem instantânea ou SMS e, através disso, confisca senhas, dados financeiros como o número de cartões de crédito e outros dados pessoais.

Acredita-se que outras pessoas possam estar envolvidas no caso ou no esquema, de acordo com a fonte.

De acordo ainda com a mesma fonte, usando o mesmo sitema, um fraudador desviou 450 contos da conta dum cliente, efetuando dois pagamentos a favor de Tony Parker, sendo o primeiro para a sua conta na CECV, no valor de 220 mil escudos (cerca de dois mil euros), ao passo que o outro montante, 230 mil escudos (cerca de mil e 90 euros, foram transferidos para uma outra conta no Banco Cabo-verdiano de Negócios (BCN).

De acordo com as fontes citados pelo A Semana, dois dias depois de descoberto o desvio, Tony Parker e a esposa, acompanhados por uma criança, levantaram o valor numa agência do BCN num bairro da capital cabo-verdiana, Fazenda.

No dia seguinte, a esposa levantou o montante na CECV, com um cheque, tendo-o logo de seguida, transferido via Western Union para uma conta na Guiné-Bissau.

Interrogado, relatam ainda os nossos interlocutores, o cônsul do Gana em Cabo Verde alegou desconhecer a origem dos depósitos e contou à polícia que alguém lhe pediu, no espaço virtual, para o ajudar, com a sua conta, a fim de receber esses valores.

O diplomata ganense disse que lhe pediu ainda para levantar e enviar o dinheiro, através de um serviço de transferência, propondo-lhe, em troca, uma comissão de 10 porcento.

Segundo as fontes do jornal, ao ser detido, Tony Parker apresentou o seu credencial como cônsul-honorário, que lhe confere imunidade diplomática.

Aconteceu, porém, que a PJ já tinha feito diligênias junto das autoridades cabo-verdianas para que fosse criadas condiões legais que pudessem permitir a detenção do suspeito e da sua mulher.

O casal foi apresentado ao Tribunal da Comarca da Praia, que decretou uma prisão preventiva de Tony Parker e Termo de Identidade e Residência (TIR) para a sua esposa, até à realização cabal do julgamento.

A prisão de Tony Parker, natural do Gana e residente em Cabo Verde há vários anos, apanhou de surpresa muita gente, uma vez que, até agora, ele era tido como uma pessoa idónea e que vinha desempenhando um papel relevante na integração dos imigrantes oeste-africanos no arquipélago cabo-verdiano.

Ainda, recentemente, a organização que dirigia, a Plataforma das Comunidades Africanas Residentes em Cabo Verde, distinguiu várias autoridades cabo-verdianas, entre elas o Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca, e o primeiro-ministro, José Maria Neves, pelo trabalho que têm vindo a realizar para uma melhor integração de estrangeiros no país.

-0- PANA CS/DD 06mar2016