Agência Panafricana de Notícias

Confrontos entre manifestantes e Polícia fazem pelo menos três mortos na Nigéria

Lagos, Nigéria (PANA) - Pelo menos três pessoas foram mortas e três outras feridas em incidentes separados, segunda-feira na Nigéria, no primeiro dia da greve decretada pelos sindicatos para protestar contra a alta dos preços do combustível.

Segundo o canal televisivo privado "Channel Television", uma pessoa morreu a tiro e três outras foram feridas em Lagos, a capital económica do país.

De acordo com esta televisão privada, um jovem não identificado morreu quando a polícia disparou contra jovens que jogavam futebol numa rua no subúrbio da cidade.

Em Kano, no Norte, confrontos opuseram a Polícia e manifestantes que tentavam atacar a sede do Governo.

A Polícia disparou ao ar para conter os manifestantes, mas um rapaz de 15 anos foi atingido por uma bala perdida e morreu subitamente.

Um outro rapaz teria sido pisado até a morte pelos manifestantes em Kano, onde a situação continua tensa.

Além destes incidentes, os organizadores da greve - o Congresso Trabalhista da Nigéria (NLC) e o Congresso Sindical (TUC) - disseram que ela foi largamente um sucesso, com a paralisia das grandes cidades, bem como dos aeroportos e dos portos.

"O movimento foi bem seguido. Não houve voos internos. Lagos foi completamente fechada", disse o presidente do TUC, Peter Esele.

"A greve apenas acaba de começar. Cada trabalhador permanece em sua casa. Organizamos comícios simultaneamente em todas as capitais de Estado e continuaremos até que o Governo entenda a razão e retorne ao preço de 65 nairas o litro", disse o presidente do NLC, Abdulwaheed Omar.

Uma organização da sociedade civil, a Save Nigeria Group (SNG), organizou uma grande manifestação em Lagos para denunciar o abandono, a 1 de janeiro, do subsídio petrolífero, que causou uma alta de 125 porcento do preço da gasolina.

"O momento chegou para o povo da Nigéria dizer basta. Não se trata apenas da supressão deste subsídio, mas da corrupção e da má gestão. Jonathan (o Presidente da Nigéria) deve recuar", disse o presidente da SNG, Tunde Bakare, vestindo uma camiseta com a inscrição "Matem a Corrupção, Não os Nigerianos".

Enquanto Femi Kuti, filho da falecida estrela do Afrobeat Fela Anikulapo, tocava uma das suas músicas populares, a multidão empunhava um enorme retrato do Presidente Goodluck Jonathan que golpeavam e maltratavam.

"Avisámos que o Governo Jonathan vos levaria ao inferno, mas não ouviram", cantava Fela.

O porta-voz da Presidência da República, Reuben Abati, disse que o Governo não vai recuar na supressão do subsídio dos produtos petrolíferos, reagindo à decisão tomada domingo pela Assembleia Nacional de rejeitar esta medida.

"A Nigéria corria o risco de falência se não tivessemos tomado a boa decisão. Estamos numa situação em que investimos 1,4 bilião de nairas neste subsídio (em 2011) e não temos bastante para permitir à população aceder aos serviços de base. Isto não pode mais durar", disse a ministra das Finanças, Ngozi Okonjo-Iweala.

-0- PANA SEG/FJG/AAS/IBA/CJB/TON 10jan2012