Agência Panafricana de Notícias

Conferência realça cultura como “expressão máxima da liberdade” em Cabo Verde

Praia, Cabo Verde (PANA) – Uma conferência sob o lema “Diálogos pela Cultura”, decorrida, domingo na cidade da Praia, reconhece que “a cultura, por ser respeito, relação e reciprocidade, deve constituir a base de todos os intercâmbios, interações, contactos e investimentos culturais e deve ser exercida livremente, por ser a expressão máxima da liberdade”, apurou a PANA na capital cabo-verdiana.

Esta é uma das constatações inscritas numa Declaração da Praia, documento aprovado por esta conferência nacional que reuniu personalidades nacionais e internacionais do mundo académico, cultural, social, religioso e de outras latitudes para debater temas ligados à cultura.

O documento reconhece ainda que “a diversidade cultural implica a diversidade religiosa, sendo a religião uma expressão da cultura. As diferenças religiosas e filosóficas constituem manifestações de diferenças de pensamentos e vivências e devem fomentar o diálogo perante e entre as religiões, credos e filosofias de vida, como forma de incentivar e respeitar a fé dos homens”.

O chefe de Estado cabo-verdiano, Jorge Carlos Fonseca, que presidiu a cerimónia de encerramento da conferência, disse esperar que, em Cabo Verde, se saiba respeitar diferentes culturas e que estas possam coabitar.

“O que fazer? O que sempre fizemos. Lidar e dialogar, com todas as influências, de todos os lados, da forma mais natural possível. Debater tranquilamente eventuais distorções, derivadas de perspetivas “puristas” ou “alienadas” que se considerar existir, fazer da educação um dos alicerces da nossa cultura e deixar a vida resolver o resto”, afirmou.

Jorge Carlos Fonseca disse que, nos 40 anos de país independente, o Cabo-verdiano aprendeu a importância do respeito pelas especificidades culturais dos povos e, sobretudo, na manutenção do diálogo.

“Embora tenhamos importantes arestas a limar, herdadas da colonização, temos uma história de sucesso neste aspeto particular. Respeitamos todos e fizemo-nos respeitar por todos. Fizemos respeitar as nossas tradições, usos e costumes e aspirações, e respeitamos as tradições e os usos e costumes dos outros”, realçou.

"Por isso, o diálogo pela cultura assume, na atualidade, uma importância especial, quando assistimos tendências extremistas no sentido da imposição homogeneizadora de culturas ditas superiores", alertou.

Neste âmbito, salientou, “nascemos enquanto povo, afirmámo-nos enquanto cultura, com o diálogo, muitas vezes bastante difícil, entre diferentes corpos, culturas, hábitos e costumes bem diferenciados”.

Por sua vez, o ministro da Cultura, Mário Lúcio Sousa, defendeu a institucionalização da conferência “Diálogos pela Cultura”, devido ao debate que ela gerou, fazendo com que da participação e contribuição dos participantes sugerissem tal decisão.

Segundo Mário Lúcio, os temas debatidos suscitaram a reafirmação de princípios que visam evitar conflitos suscetíveis de surgir no futuro.

No decorrer da conferência nacional “Diálogos pela Cultura, realizada durante três dias na capital cabo-verdiana, foram debatidos oito painéis, designadamente “Cultura pela Arte”, “Cultura pela Economia”, “Cultura pela Cultura”, “Cultura pela Religião”, “Cultura pela Escola”, “Cultura pela Liberdade”, “Cultura pelo Outro” e “Cultura pela Periferia”.

-0- PANA CS/DD 19out2015