Condutores exigem fim de restrições ligadas à covid-19 em Cabo Verde
Praia, Cabo Verde (PANA) – Condutores de viaturas de transporte público intermunicipal na ilha cabo-verdiana de Santiago, conhecidos por ‘hiaces', realizaram, segunda-feira, uma jornada de protesto para exigirem a reposição da lotação máxima de 14 passageiros, reduzida para nove, como medida para travar a transmissão da covid-19, apurou a PANA de fonte segura.
Trata-se de uma ação promovida pelo Sindicato Nacional de Condutores Profissionais (SINCOP), decorrida na cidade da Praia, em Assomada e no Tarrafal, os três centros urbanos ligados diariamente por estas viaturas de propriedade privada.
Mesmo com um número elevado de infeções pelo novo cornavírus na maior e mais populosa ilha do arquipélago, o presidente do SINCOP, Domingos Cardoso, considera justas as reivindicações destes profissionais do voltante.
O sindicalista reconhece que os "hiaces" têm um espaço muito reduzido e que, dentro deles, não tem como colocar o distanciamento mínimo de 1 metro e meio entre as pessoas.
No entanto, ele considera que, passados oito meses, já chegou o momento de se pôr fim à limitação, porque, frisou, "não se sabe até quando esta situação vai durar."
“Passamos a carregar apenas 70 por cento de passageiros, enquanto as contribuições que pagamos continuaram as mesmas e algumas até subiram, como por exemplo o seguro, que agora é mais caro”, indignou-se Domingos Cardoso.
"Nos 'hiaces', temos todas as condições sanitárias. Andamos sempre com máscaras, álcool gel, produtos de desinfeção das viaturas, tudo", garantiu.
Defendeu que, com a atual lotação máxima imposta, de nove lugares (mais o motorista), a continuidade da atividade fica em causa, apesar de dar emprego a mais de sete mil motoristas, em todo o país.
Segundo o Sincop, só 'hiaces' de Santiago, que chegam diariamente à Praia, de todos os municípios, são 630.
O passo seguinte, avisa, será paralisar durante uma semana o trabalho.
"O nosso objetivo é pararmos para resolvermos o problema. Caso o problema não seja resolvido, vamos reunir-nos de novo. Vamos entregar um pré-aviso de paralisação para mais dias. Não temos uma data, mas provavelmente daqui até ao mês de dezembro próximo, vamos fazê-lo", advertiu.
Algumas das reivindicações destes profissionais estão relacionadas também com a gestão municipal na Praia, nomeadamente no mercado de Sucupira, ponto de entrada e saída de passageiros de toda a ilha.
Condutores querem melhoramento do piso daquele mercado e das condições sanitárias nos terminais, mas também um "controlo mais rigoroso" das autoridades à concorrência desleal dos taxistas."
Exigem ainda "respeito e dignidade pelos condutores que garantem a circulação de bens e serviços em Cabo Verde.
Entretanto, os efeitos da manifestação fizeram-se sentir no mercado de Sucupira, o mais movimentado da cidade da Praia e do país, com muitos passageiros à espera de transporte para vários pontos da ilha de Santiago.
No mesmo dia, o trânsito, na avenida Cidade Lisboa, principal artéria rodoviária da capital cabo-verdiana, chegou a estar totalmente parado, o que obrigou à intervenção da Polícia Nacional para regularizar o trânsito.
De acordo também com fonte sindical, a jornada de protesto foi amplamente seguido pelos condutores nos municípios do interior da ilha de Santiago, o que fez com que centenas de passageiros não pudessem viajar, segunda-feira, de e para a cidade da Praia.
-0- PANA CS/DD 20out2020