Comunidade internacional preocupada com situação no Mali
Bamako, Mali (PANA) – A comunidade internacional manifestou a sua "profunda" preocupação com a evolução da situação no Mali, depois da manifestação de 10 de julho de 2020, exigindo a demissão do Presidente brahim Boubacar Kéita, acusado de "má governação" e "má gestão" da crise multiforme no país.
A inquietação foi expressa por representantes da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), da União Africana (UA), da União Europeia (UE) e das Nações Unidas no Mali, depois da manifestação organizada pelo Movimento de 5 de junho - Coligação das Forças Patrióticas (M5-RFP).
Num comunicado de imprensa transmitido à PANA, em Bamako, estas organizações eles lamentam que edifícios públicos e privados sejam visados pela violência que causou perda de vidas humanas, numerosos feridos e deterioração de bens do Estado e particulares.
Os representantes destas organizações apresentam as suas "mais profundas condolências" às famílias enlutadas e desejam rápidas melhoras a todos os feridos e condenam fortemente qualquer forma de violência como meio de resolver a crise.
Condenam o uso da força letal no quadro da manutenção da ordem e convidam todas as partes à contenção e pedem ainda para priorizar o diálogo, a ação concertada e os canais pacíficos para a resolução de crises.
Exprimem a sua preocupação pela detenção dos líderes do Movimento M5-RFP, o que consideram contrário ao espírito de diálogo manifestado pelo Presidente da República e pelo primeiro-ministro e convidam o Governo maliano a criar as condições para este diálogo político, a começar pela libertação dos detidos.
Declaram-se persuadidos de que as conclusões da recente missão ministerial da CEDEAO lançou as bases para uma solução apropriada com vista a um acordo político para acabar com a crise.
Os ministros das Relações Exteriores do Níger, da Nigéria e da Côte d'Ivoire e o presidente da Comissão da organização sub-regional estiveram, de 18 a 20 de junho, na capital do Mali, para encontrar uma solução para a crise maliana.
No termo desta visita, os emissários da CEDEAO recomendaram, entre outras coisas, a organização de eleições legislativas parciais nas circunscrições eleitorais onde se contesta os resultados finais proclamados pelo Tribunal Constitucional e a formação de um Governo de unidade nacional.
Sexta-feira, milhares de manifestantes juntaram-se pela terceira vez na Praça da Independência, em Bamako, depois das manifestações de 5 e 19 de junho, para exigir a demissão do Presidente Kéita e do seu regime.
Foram depois à Assembleia Nacional e à Radiotelevisão do Mali (ORTM), que saquearam parcialmente, antes de pilharam e queimarem veículos públicos e privados.
Esta ação de desobediência civil lançada pelo M5-RFP continuou sábado, domingo e segunda-feira.
Um relatório final dá conta de 11 mortos e mais de 120 feridos, segundo fontes hospitalares. O funeral destas vítimas mortas pela Polícia ocorreu domingo à tarde sob a liderança do influente Imam Dicko, autoridade moral da contestação.
Este último aproveitou a oportunidade para exortar os jovens a uma maior contenção e a absterem-se de destruir os bens do Estado e privados, mantendo a disciplina.
"Podemos conseguir o que procuramos sem violência", aconselhou o Imam Dicko, ex-presidente do Alto Conselho Islâmico do Mali (HCIM), a maior organização religiosa do país.
-0- PANA GT/BEH/MAR/IZ 14julho2020