Companhia aérea cabo-verdiana precisa de empréstimo de longo prazo, diz relatório
Praia, Cabo Verde (PANA) - A companhia nacional Cabo Verde Airlines (CVA) tem necessidade de contrair um financiamento de longo prazo, antes de apresentar resultados positivos, provavelmente só a partir de 2021, de acordo com um relatório do grupo Icelandair.
Através da sua participação na Loftleidir Icelandic EHF, a Icelandair controla diretamente, desde 01 de março, os 36 por cento da CVA, segundo a nota.
“A CVA está à procura de financiamento de longo prazo. Se o financiamento de longo prazo não for garantido, isso poderá afetar negativamente a operação”, lê-se neste documento datado de 7 de fevereiro corrente do Icelandair, líder da CVA.
As demonstrações financeiras consolidadas do exercício de 2019 do Icelandair (grupo aéreo islandês), refere que, de acordo com o plano de negócios da companhia, são esperados prejuízos “nos primeiros dois anos, após a aquisição” e que os lucros são esperados no próximo ano.
O documento, sem quantificar, aponta também que os resultados operacionais da CVA no último trimestre de 2019 “ficaram abaixo das expetativas”.
O relatorio identifica receitas oriundas da companhia de Cabo Verde no valor de 37,2 milhões de dólares e despesas de 1,1 milhão de dólares, em 2019.
O documento reiterou que vê a aposta na CVA como “um projeto de desenvolvimento de longo prazo” e que “acredita que há oportunidades” para transformar o país, através da companhia aérea, num ‘hub’ (plataforma) entre os continentes africano, americano e europeu, e, “ao mesmo tempo, desenvolver Cabo Verde como destino turístico.”
Em março do ano transato, o Estado de Cabo Verde vendeu 51 por cento da então empresa pública TACV (Transportes Aéreos de Cabo Verde) por 1,3 milhões de euros à Lofleidir Cabo Verde, uma empresa detida em 70 por cento pela Loftleidir Icelandic EHF (que ficou com 36 por cento da CVA) e em 30 por cento por empresários islandeses com experiência no setor da aviação (que assumiram os restantes 15 por cento da quota de 51por cento privatizada.
No seu relatório anual, o grupo Icelandair acrescenta que apesar de não apresentar “exposição material relevante” à companhia aérea cabo-verdiana, “desenvolvimentos negativos nas operações do CVA poderão impactar negativamente as operações do Loftleidir Icelandic em 2020”.
Refere ainda que o plano da frota do Loftleidir Icelandic pressupõe que quatro a cinco aeronaves serão alugadas à CVA durante 2020.
“Se esses planos mudarem, isso poderá impactar temporariamente a geração de receita do Loftleidir Icelandic, porque levaria algum tempo para colocar as aeronaves com outros operadores e esses esforços poderiam acarretar algum custo”, lê-se.
O Governo cabo-verdiano tem em curso o processo de venda de 10 por cento das ações da CVA a trabalhadores e emigrantes e os 39 por cento restantes por outros investidores, através da Bolsa de Valores de Cabo Verde.
De acordo com o plano de negócios da companhia, divulgado anteriormente pela imprensa, a administração da CVA previa faturar mais de nove mil milhões 15 milhões de escudos (81,9 milhões de euros) em 2019, valor que deverá subir para 23 mil milhões 473 milhões de escudos (213,2 milhões de euros) em 2020 e para mais de 46 mil milhões e 450 milhões de escudos (422 milhões de euros) em 2023.
Fontes da transportadora também anunciaram que esta aumentou para quase 200 mil passageiros transportados nos primeiros oito meses após o processo de privatização, o que se traduz num crescimento de 85,4 por cento do total de passageiros transportados, face ao mesmo período de 2018.
Entre março e outubro de 2018, a então Transportes Aéreos de Cabo Verde (TACV) transportou 107 mil 27 passageiros, enquanto, em igual período neste ano, a agora Cabo Verde Airlines registou 198 mil 457 passageiros.
A companhia já garante ligações do arquipélago para Dakar (Senegal), Lisboa (Portugal), Paris (Franca), Milão e Roma (Itália), Boston e Washington (Estados Unidos), Lagos (Nigeria), Fortaleza, Recife, Salvador e Porto Alegre (no Brasil).
-0- PANA CS/DD 11fev2020