Agência Panafricana de Notícias

Comissão eleitoral são-tomense admite falhas no registo eleitoral após crítica da oposição

São Tomé, São Tomé e Príncipe (PANA) - O presidente da Comissão Eleitoral Nacional (CEN) de São Tomé e Príncipe, Alberto Pereira, reconheceu haver falhas no sistema de produção de cartões de eleitor biométricos mas recusou-se a considerá-las como um "vício" tal como denunciado pela oposição.

Declarando-se contudo aberto à peritagem internacional sugerida pela oposição, Alberto Pereira disse que tais falhas não significam que o processo esteja viciado.

Ele acusou algumas vozes da oposição de estar a "incendiar o processo", o que, segundo ele, "não é nada digno para o nosso país".

“O sistema está neste momento a ser aprimorado. Claro que existem algumas imperfeições para serem concretizadas e é ao longo do trabalho que vamos constatar essas imperfeições para aprimorarmos mas não é razão para acusar que o sistema está viciado”, afirmou Alberto Pereira em conferência de imprensa, quarta-feira, na sede da CEN, em São Tomé.

Ele disse existirem "vontades deliberadas" dos partidos da oposição, designadamente o MLSTP-PSD (Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe - Partido Social-Democrata) e PCD (Partido da Convergência Democrática), de “descredibilizar o processo eleitoral”.

Apesar disso, o presidente da CEN disse estar aberto à iniciativa da oposição que propôs uma peritagem internacional ao novo sistema oferecido por Timor-Leste, e que está a ser utilizado no IV Recenseamento Eleitoral de Raíz com vista às quartas eleições autárquicas e regionais
deste ano e legislativas de 2018.

Pereira denunciou a postura dos dirigentes dos sociais-democratas e do PCD que, um dia antes da sua denúncia, mostraram-se “compreensíveis” aos esclarecimentos que lhes foram prestados na visita à CEN.

“O facto de se ter dois cartões (eleitorais) não diz que automaticamente o eleitor poderá votar duas vezes. Os equipamentos que temos nos postos estão ligados online e evitam a dupla inscrição, quando forem os mesmos nomes e os mesmos números. Quando assim acontece, ele cai numa caixa preparada para tal”, afirmou.

Alberto Pereira deplorou, por isso, as críticas da oposição e disse que o ato (de emissão de dois cartões para o mesmo eleitor) "foi perpetrado em conivência com um agente recenseador militante do MLSTP-PSD".

Segundo ele, a produção de dois cartões em nome de uma mesma pessoa "é um crime".

Na terça-feira, o MLSTP-PSD pediu uma peritagem internacional ao sistema informático de produção dos novos cartões biométricos de eleitor, por alegada existência de vícios.

De acordo com o seu presidente, Aurélio Martins, foram registadas, em menos de 24 horas de recenseamento, acima de 16 duplicações de nomes no servidor central.

Ele qualificou esta situação de “anormal e grave”, tendo em conta que "essas duplicações podem ser eliminadas da base de dados caso haja vontade”.

Aurélio Martins considera que o vício detetado "põe em causa todo o processo eleitoral que se avizinha no nosso país", uma denúncia que surge depois de um dos dirigentes do MLSTP-PSD
ter obtido dois cartões, após o registo eleitoral que começou sábado, no arquipélago.

Por isso, o maior partido da oposição são-tomense exigiu uma peritagem internacional de fiscalização com a presença de técnicos de Timor-Leste, país que forneceu os Kits informáticos que estão a ser utilizados na produção de cartões biométricos.

“Ao longo dos três meses de recenseamento, quantas duplicações poderemos ter?", interrogou-se Aurélio Martins em conferência de imprensa na sede do seu partido, no Riboque da Capital.

-0- PANA RMG/IZ 02março2017