Agência Panafricana de Notícias

Comissão da CEDEAO advoga maior vigilância para preservar tradições democráticas em África

Abuja, Nigéria (PANA) – O presidente da Comissão da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), James Victor Gbeho, defendeu uma maior vigilância da imprensa, dos partidos políticos, da sociedade civil e de outros órgãos de controlo, a fim de prevenir a manipulação dos processos eleitorais pelos chefes de Estado cessantes e reforçar a cultura democrática em África.

“A recente crise pós-eleitoral na Côte d'Ivoire é a ilustração duma tendência preocupante no quadro das transições democráticas em África, onde uma geração particular de líderes africanos manipulam os instrumentos e órgãos constitucionais e eleitorais para realizar fraudes durante as eleições”, declarou o responsável da CEDEAO numa assembleia de alto nível durante o seminário sobre a diplomacia e a governação realizado esta semana em Londres (Inglaterra).

Segundo um comunicado da Comissão da CEDEAO divulgado em Abuja, a capital federal da Nigéria, Gbeho declarou que, mesmo depois de ter perdido nas eleições, “alguns líderes cessantes africanos recusam-se a entregar o poder e buscam o apoio de parceiros militares ou ideológicos para se manter no poder”.

Gbeho declarou-se preocupado com o facto de que, mesmo em situações em quee “a votação decorre livremente, a contagem dos boletins torna-se num fator determinante”, culminando em situações onde “os princípios são sacrificados no altar da solidariedade cega e da ideologia”, o que culmina muitas vezes em crises ou guerras.

“Enquanto a introdução crescente do sistema de voto eletrónico em vários países é bem-vinda”, o presidente da Comissão da CEDEAO declarou que uma vigilância maior da imprensa, dos partidos políticos, da sociedade civil e doutros órgãos de controlo tornou-se num imperativo e que a observação a longo prazo se tornou inevitável.

No seu discurso durante o seminário intitulado “A democracia no contexto da integração regional na África Ocidental : Estatuto, Desafios e Perspetivas”, o responsável oeste-africano preconizou igualmente esforços concertados no continente negro para garantir um financiamento transparente e equitativo dos partidos, a independência e a autonomia financeira dos Comités de Gestão Eleitorais e um reforço das capacidades da sociedade civil.

“O envolvimento da sociedade civil nas questões relativas à governação tornou-se igualmente ainda imperativa”, insistiu o presidente da Comissão da CEDEAO.

-0- PANA SEG/FJG/TBM/FK/DD 10junho2011