Cinco países africanos necessitam de "ajuda alimentar de emergência"
Nova Iorque, Estados Unidos (PANA) – Moçambique, Zimbabwe, Malawi, Lesoto e regiões da República Democrática do Congo (RDC) necessitam “de uma ajuda alimentar de emergência” devido à seca, alertou a rede americana dos sistemas de alerta "FEWS NET".
Segundo a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), a seca devastadora na África Austral afetou seriamente as capacidades de produção das famílias e comunidades agrícolas durante a época atual 2019/2020.
"O número de pessoas que necessitam de ajuda alimentar de emergência é inabitualmente elevado e deve aumentar mais ainda, em fevereiro de 2020.
"Atualmente, a maioria das regiões vivem no stress e na crise. As zonas mais duramente afetadas estão em Moçambique, Zimbabwe, Malawi, Lesoto e na RDC”, indicou a FEWS Net, no seu relatório de outubro sobre a segurança alimentar na região.
O documento da FEWS Net transmido à PANA segunda-feira, em Nova Iorque, refere que, nas zonas mais afetadas do Zimbabwe, onde as colheitas são inferiores à média e o poder de compra das famílias é extremamente limitado, algumas famílias estão expostas a uma situação de emergência.
Em várias localidades da região, prossegue a nota, as famílias dependem cada vez mais das compras no mercado para se alimentar, enquanto os preços do mercado "são superiores à média”.
Segundo a FEWS NET, em Moçambique e no Malawi, os preços do trigo continuam a aumentar, ao passo que os preços do mês de agosto eram respetivamente de 25 a quase 75 por cento superiores à média em cinco anos.
A seca é a consequência das condições climáticas extremas que afetaram o setor agrícola, na África Austral, um setor que contribui de maneira significativa para a alimentação e os rendimentos da região.
As buscas levadas a cabo pela FAO revelam que, durante o primeiro trimestre de 2019, foram registadas condições meteorológicas "tumultuosas".
A situação foi exacerbada pela passagem dos ciclones tropicais Idai e Kenneth, nas Comores, no Malawi, em Moçambique e no Zimbabwe, afetando mais de três milhões e 500 mil pessoas e destruindo amplas zonas de cultura antes da colheita principal.
Os défices mais importantes foram constatados no Botswana e na Namíbia, onde, segundo as estimativas, a produção baixou 50 por cento, enquanto no Zimbabwe a colheita do trigo foi cerca de 40 porcento inferior à média dos cinco anos.
Assim, segundo as mesmas estimativas, a produção cerealífera é sete porcento inferior aos níveis de 2018, que já eram fracas em relação à média reigonal, em cinco anos.
O gado foi igualmente afetado pela disponibilidade limitada da água e pela multiplicação das doenças animais transfronteiriças, particularmente a febre aftosa.
Segundo a FAO, há uma necessidade urgente de reforçar o apoio à resiliência e investir em iniciativas que visam desenvolver a resiliência para se atacar às causas da subida das necessidades na região.
Dito de outro modo, os progressos feitos nos últimos anos em matéria de segurança alimentar e de nutrição poderão rapidamente ser anulados, o que necessitará de mais ações humanitárias mais dispendiosas, nos próximos anos.
Durante a época agrícola 2018/2019, países como o Botswana, a Namíbia, a Zâmbia e o Zimbabwe registaram as pluviometrias mais fracas, em perto de 40 anos, e decretaram o estado de emergência nacional.
Desde 2012, a região apenas conheceu duas épocas agrícolas favoráveis, enquanto numerosas regiões ainda não se desfizeram totalmente do impacto do fenómeno El Niño de 2015/2016, constatou o FAO.
Contudo, nas suas últimas previsões, a FAO espera que o essencial dos países da África Austral recebam boas chuvas durante a época 2019/2020, oferecendo assim a possibilidade de uma boa produção e restabelecimento dos meios de existência baseados na agricultura.
-0- PANA TZ/MA/NFB/JSG/MAR/IZ 28out2019