Agência Panafricana de Notícias

Cinco mil crianças de centro-leste contaminadas com flúor indemnizadas no Níger

Niamey, Níger (PANA) – O Níger desembolsou dois biliões 30 milhões de francos CFA, ou seja três milhões 500 mil dólares americanos, para a indemnização das crianças de Tibiri (centro-leste) contaminadas pelo flúor, anunciou quinta-feira o vice-ministro do Orçamento, Ahmed Jidoud, citado pela Agência Nigerina de Notícias (ANP).

Quase quatro mil 911 raparigas e rapazes, que sofrem de diversas malformações, depois de beberem a água de forte teor de flúor entre 1985 e 2000, foram totalmente indemnizados, precisou Jidoud.

O Níger desembolsou, no fim deste ano, dois biliões 30 milhões de francos de CFA, em conformidade com a decisão da justiça, acrescentou Jidoud.

Este anúncio segue-se a uma recente interpelação, na Assembleia Nacional, do ministro das Finanças, Hassoumi Massaoudou, que prometeu que o Estado ia indemnizar as vítimas.

« Nós vamos pagar. Não existe uma razão que a justiça decida e que o Governo não se conforme com esta disposição”, declarou então Hassoumi Massoudou, na televisão pública.

« Não existem problemas de dinheiro para pagarmos estas jovens pessoas e disposições serão tomadas para que a decisão de justiça seja cumprida", sublinhou o responsável nigerino.

A justiça condenou, em 2000, o Estado do Níger, na sequência duma queixa da Associação Nigerina dos Direitos Humanos (ANDDH) que foi contactado sobre o caso das crianças do zero aos 15 anos de idade, com malformações ósseas e coloração de dentes.

Na altura, médicos estavam preocupados com a multiplicação de casos de malformações graves para crianças de 15 meses a 15 anos de idade, nomeadamente pernas arqueadas, cabeças volumosas, ossos fragilizados, dentes avermelhados e friáveis.

Inquéritos revelam que a água servida pela Empresa Nigerina das Águas (SNE), entre 1985 e 2000, apresentam um forte teor de flúor, além das normas da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Um outro inquérito de 2002, efetuada pela Federação Internacional dos Direitos Humanos (FIDH) confirmou "um teor de flúor superior a três miligramas por litro e aumentando às vezes para 6, 4 miligramas por litro, portanto largamente superior à norma de um miligrama por litro da OMS (Organização Mundial da Saúde)".

A FIDH acusou responsáveis da Empresa Nacional da Águas de terem dissimulado este envenenamento às populações.

Desde esta tragédia, uma outra perfuração de água de mais de 300 milhões de francos CFA (520,1 mil dólares americanos) foi realizada para o abastecimento desta localidade.

-0- PANA SA/JSG/FK/DD 4jan2019