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Agência Panafricana de Notícias
Cientistas desaconselham maior projeto turístico em Cabo Verde
Praia, Cabo Verde (PANA) - Um grupo de 12 cientistas e paleontólogos desconselha a edificação do complexo integrado no ilhéu de Santa Maria e Gamboa, na cidade da Praia, o maior empreendimento turístico a ser construído no arquipélago e avaliado em 250 milhões de euros, cerca de 15 porcento do PIB de Cabo Verde, apurou a PANA na capital cabo-verdiana.
A posição deste grupo de especialistas, coordenado pelo Instituto Gulbenkian de Ciência, de Portugal, contra a construção do complexo turístico do empresário chinês David Chow, surge após uma visita ao local no âmbito do programa de doutoramento em Ciências da Vida.
Este programa a ser levado a cabo com a parceria do Ministério cabo-verdiano do Ensino Superior, Ciência e Inovação, a Universidade de Cabo Verde (UNICV), as universidades Uni Piaget e UNICA.
Com esta visita, pretendia-se debruçar-se sobre o estudo da fauna, flora e do registo fóssil do ilhéu de Santa Maria, numa altura em que se assinala o 184º aniversário da data em que o naturalista inglês Charles Darwin, referenciado como o teórico da evolução das epécies, teria estado em Cabo Verde e acampado precisamente no ilhéu de Santa Maria.
"Seria altamente recomendável evitar que qualquer projeto avançasse ali e que houvesse um estudo muito aprofundado do impato ambiental e histórico de qualquer construção que possa ser feita ali", disse o paleontólogo português Rui Castanhinha, citado pela agência cabo-verdiana de notícias (Inforpress).
O cientista afirmou que o ilhéu de Santa Maria contribuiu para que o naturalista Charles Darwin construísse um pensamento lógico para revolucionar a Ciência da Biologia, pelo que recomendou a inviabilização de qualquer construção no local.
Castanhinha considerou que, do ponto de vista histórico, o ilhéu simboliza um local de importância extraordinária, ainda que do ponto de vista ambiental seja "muito pouco conhecido", pelo que reclama por mais estudos do ponto de vista biológico e geológico.
Esta posição do grupo de cientistas surge numa semana em que foi formalmente lançada a primeira pedra para a construção da estância turística no ilhéu de Santa Maria e na Gamboa, situado defronte da cidade da Praia.
Trata-se do maior empreendimento turístico no arquipélago, que cobrirá uma área de 152 mil e 700 metros quadrados e inaugurará a indústria de jogo no país e que, durante a construção, vai gerar mais de dois mil postos de trabalho.
No entanto, desde que foi anunciado, o projecto tem sido alvo de controvérsia entre quem o defenda afincadamente e outros que o contestam e quem tem recorrido a diferentes formas de protesto para impedir a sua concretização.
Em agosto do ano passado, cerca de 40 elementos do movimento cabo-verdiano "Korrenti di Ativista" acamparam no ilhéu de Santa Maria em protesto contra a construção do complexo, considerando que irá servir sobretudo para trazer ao país "lavagem de capitais, prostituição e turismo sexual".
Na semana passada, o ex-bastonário da Ordem dos Arquitetos (OAC) cabo-verdianos, Cipriano Fernandes, pediu a intervenção da Procuradoria Geral da República (PGR) para suspender o projeto, por considerar que não respeita todos os requisitos legais e que o mesmo deveria ser aberto ao escrutínio público.
“Este é um requisito básico fundamental e condição sine qua non para a concretização do empreendimento, mas infelizmente, neste momento, o único documento concreto que existe é um estudo de impacto ambiental de origem muito duvidosa e suspeita, mas que mesmo assim foi aceite e colocado à consulta pública pela Direção Geral do Ambiente quando ainda nem sequer a convenção de estabelecimento havia sido assinada”, disse o arquiteto.
Confrontado com as vozes que se insurgem contra o projecto, o empresário David Chow desdramatiza as críticas e encara-as como algo natural.
“Em lado nenhum se consegue satisfazer toda a gente”, diz, salientando que, no futuro, “quando as pessoas começarem a ver resultados”, irão provavelmente olhar o projeto com outros olhos.
De qualquer modo, o empresário garante que há abertura para alterações, inclusive a nível da construção, se estas servirem para melhorar o projeto.
“Não tenho nenhum problema com o facto de algumas pessoas estarem contra, mesmo os profissionais”, aponta.
Sobre os benefícios que o complexo turístico trará para o país, o empresário macaense realça que o principal será o reconhecimento internacional, “assegurar que Cabo Verde esteja no mapa”.
Para Chow, o arquipélago tem “a melhor localização estratégica do mundo”, especialmente ao nível do Atlântico e é importante que comece a estabelecer um maior trabalho de network e relações públicas para tirar dividendos.
-0- PANA CS/IZ 15fev2015
A posição deste grupo de especialistas, coordenado pelo Instituto Gulbenkian de Ciência, de Portugal, contra a construção do complexo turístico do empresário chinês David Chow, surge após uma visita ao local no âmbito do programa de doutoramento em Ciências da Vida.
Este programa a ser levado a cabo com a parceria do Ministério cabo-verdiano do Ensino Superior, Ciência e Inovação, a Universidade de Cabo Verde (UNICV), as universidades Uni Piaget e UNICA.
Com esta visita, pretendia-se debruçar-se sobre o estudo da fauna, flora e do registo fóssil do ilhéu de Santa Maria, numa altura em que se assinala o 184º aniversário da data em que o naturalista inglês Charles Darwin, referenciado como o teórico da evolução das epécies, teria estado em Cabo Verde e acampado precisamente no ilhéu de Santa Maria.
"Seria altamente recomendável evitar que qualquer projeto avançasse ali e que houvesse um estudo muito aprofundado do impato ambiental e histórico de qualquer construção que possa ser feita ali", disse o paleontólogo português Rui Castanhinha, citado pela agência cabo-verdiana de notícias (Inforpress).
O cientista afirmou que o ilhéu de Santa Maria contribuiu para que o naturalista Charles Darwin construísse um pensamento lógico para revolucionar a Ciência da Biologia, pelo que recomendou a inviabilização de qualquer construção no local.
Castanhinha considerou que, do ponto de vista histórico, o ilhéu simboliza um local de importância extraordinária, ainda que do ponto de vista ambiental seja "muito pouco conhecido", pelo que reclama por mais estudos do ponto de vista biológico e geológico.
Esta posição do grupo de cientistas surge numa semana em que foi formalmente lançada a primeira pedra para a construção da estância turística no ilhéu de Santa Maria e na Gamboa, situado defronte da cidade da Praia.
Trata-se do maior empreendimento turístico no arquipélago, que cobrirá uma área de 152 mil e 700 metros quadrados e inaugurará a indústria de jogo no país e que, durante a construção, vai gerar mais de dois mil postos de trabalho.
No entanto, desde que foi anunciado, o projecto tem sido alvo de controvérsia entre quem o defenda afincadamente e outros que o contestam e quem tem recorrido a diferentes formas de protesto para impedir a sua concretização.
Em agosto do ano passado, cerca de 40 elementos do movimento cabo-verdiano "Korrenti di Ativista" acamparam no ilhéu de Santa Maria em protesto contra a construção do complexo, considerando que irá servir sobretudo para trazer ao país "lavagem de capitais, prostituição e turismo sexual".
Na semana passada, o ex-bastonário da Ordem dos Arquitetos (OAC) cabo-verdianos, Cipriano Fernandes, pediu a intervenção da Procuradoria Geral da República (PGR) para suspender o projeto, por considerar que não respeita todos os requisitos legais e que o mesmo deveria ser aberto ao escrutínio público.
“Este é um requisito básico fundamental e condição sine qua non para a concretização do empreendimento, mas infelizmente, neste momento, o único documento concreto que existe é um estudo de impacto ambiental de origem muito duvidosa e suspeita, mas que mesmo assim foi aceite e colocado à consulta pública pela Direção Geral do Ambiente quando ainda nem sequer a convenção de estabelecimento havia sido assinada”, disse o arquiteto.
Confrontado com as vozes que se insurgem contra o projecto, o empresário David Chow desdramatiza as críticas e encara-as como algo natural.
“Em lado nenhum se consegue satisfazer toda a gente”, diz, salientando que, no futuro, “quando as pessoas começarem a ver resultados”, irão provavelmente olhar o projeto com outros olhos.
De qualquer modo, o empresário garante que há abertura para alterações, inclusive a nível da construção, se estas servirem para melhorar o projeto.
“Não tenho nenhum problema com o facto de algumas pessoas estarem contra, mesmo os profissionais”, aponta.
Sobre os benefícios que o complexo turístico trará para o país, o empresário macaense realça que o principal será o reconhecimento internacional, “assegurar que Cabo Verde esteja no mapa”.
Para Chow, o arquipélago tem “a melhor localização estratégica do mundo”, especialmente ao nível do Atlântico e é importante que comece a estabelecer um maior trabalho de network e relações públicas para tirar dividendos.
-0- PANA CS/IZ 15fev2015