Agência Panafricana de Notícias

Chefes de Estados da CEDEAO impedidos de aterrar em Bamako

Bamako, Mali (PANA) - Uma delegação de chefes de Estados da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) esperada quinta-feira em Bamako para abordar com o chefe da Junta militar uma solução à crise após o golpe de Estado de 22 de março foi impedida de aterrar no aeroporto internacional de Bamako Senou por um grupo de apoiantes dos golpistas, soube-se de fonte oficial.

A delegação deveria incluir os Presidentes Alassane Ouattara da Côte d'Ivoire, presidente em exercício da CEDEAO, Blaise Compaoré do Burkina Faso, designado medianeiro para a rebelião no norte do Mali, Thomas Yayi Boni do Benin, igualmente presidente em exercício da União africana (UA), Mahamadou Yssoufi do Níger, Ellen Sirleaf-Johnson da Libéria e Goodluck Jonathan da Nigéria.

Os chefes de Estado da CEDEAO, que se reuniram terça-feira em Abidjan, exigiram a retirada da junta do poder e o regresso à normalidade constitucional, tendo suspenso o Mali das instâncias da organização sub-regional.

A reunião entre os dirigentes da CEDEAO e as novas autoridades malianas foi antecedida por uma reunião preparatória dos chefes dos Estados-Maiores das Forças Armadas da CEDEAO, chegados quarta-feira na capital maliana.

Quarta-feira, a Frente Unida para a Salvaguarda da Democracia e República (FDR) reafirmou a sua rejeição do golpe de estado e pretende elaborar nos próximos dias um plano de ação de salvaguarda da democracia no Mali.

A FDR é uma coligação de partidos políticos, de associações da sociedade civil e da União Nacional dos Trabalhadores do Mali (UNTM), a maior central sindical do país.

Os golpistas receberam, pelo contrário, o apoio da Convergência Patriótica para a Defesa do Mali, uma coligação de organizações da sociedade civil.

Este movimento organizou quarta-feira uma manifestação em Bamako para saudar o golpe de estado e onde slogans hostis ao Presidente Amadou Toumani Touré e à CEDEAO foram pronunciados.

A junta militar adotou terça-feira uma Ata Fundamental que serve de Constituição, que vai regular juridicamente o período de transição cuja duração não foi precisada.

Os golpistas acusam o Presidente Toumani Touré de má gestão da crise que sevicia desde 17 de janeiro no norte do Mali, onde uma rebelião tuaregue apoiada pela Al-Qaida no Magrebe Islâmico (AQMI) e outros movimentos islâmicos combate o Exército maliano.

Os rebeldes ocuparam várias localidades da zona abandonada pelo Exército maliano por falta de equipamentos adequados para se opor aos insurgente fortemente armados.

Estes rebeldes, agrupados no seio do Movimento pela Libertação de Azawad que reclama pela independência do norte do Mali, ocuparam várias localidade desta zona quase desértica que cobre dois terços do território maliano.

Os rebeldes são Líbios de origem maliana que voltaram ao Mali após a destituição do líder líbio, Muamar Kadafi.

-0– PANA GT/JSG/MAR/TON 29março2012