Agência Panafricana de Notícias

Cerca de 20 porcento de crianças fora do sistema pré-escolar em Cabo Verde

Praia Cabo Verde - Cerca de 20 porcento das crianças em idade pré-escolar em Cabo Verde ainda estão fora dos jardins de infância, apesar de este ser um nível importante de ensino e aprendizagem, segundo um estudo publicado quinta-feira na cidade da Praia.

A ONG Rede Nacional da Campanha Educação Para Todos (RNCEPT), que promoveu o estudo, face a esta realidade recomenda ao Governo a criação de mecanismos para tornar o nível de ensino pré-escolar obrigatório por forma a cobrir toda a população infantil.

O investigador e académico cabo-verdiano José Maria Semedo, que elaborou o estudo, disse que “a frequência do ensino pré-escolar é um elemento muito importante para o básico”, particularmente para as crianças que têm necessidades educativas especiais.

Segundo ele, esta ausência das crianças no ensino pré-escolar está muito relacionada com o poder económico das famílias e com as áreas geográficas onde residem.

O estudo constatou que nos centros urbanos e nos bairros com famílias de mais recursos as crianças têm mais acesso aos jardins infantis onde são ministrados este nível de ensino.

Para que a cobertura até 100 por cento do ensino pré-escolar, José Maria Semedo defende a criação de um quadro jurídico que garanta a sua gratuitidade e generalização, o que, segundo ele, deve ser feito em parceria com os municípios e as associações
comunitárias.

“É bom que toda a sociedade trabalhe em conjunto: o governo, os municípios, a sociedade, as famílias para garantir que todos possam ter acesso a esse nível de ensino”, realçou.

O estudo demonstrou também que os jardins infantis em Cabo Verde oferecem “boas condições”, mas "pecam pela ausência de equipamentos e de monitores com formações específicas para responder às crianças com necessidades especiais".

Os dados apurados pela RNCEPT vão servir de base para a advocacia que a ONG pretende desencadear junto do Governo e dos municípios com o objetivo de garantir que todas as crianças, independentemente da sua condição física, financeira e intelectual, tenham acesso à educação pré-escolar.

A RNCEPT, ONG sem fins lucrativos que trabalha com a educação inclusiva, defendeu que ações serão desenvolvidas junto das famílias, uma vez que não sendo o ensino pré-escolar ainda obrigatório, muitos pais, sobretudo os mais desfavorecidos, deixaram de colocar os filhos nos jardins infantis depois que o Governo tornou obrigatório a frequência das escolas de ensino básico por parte das crianças que completam seis anos de idade.

-0- PANA CS/TON 08ago2014