Agência Panafricana de Notícias

Célebre músico de gospel morto em detenção sepultado no Rwanda

Kigali, Rwanda (PANA) – O célebre músico de gospel rwandês, Kizito Mihigo, que se  teria suicidado durante a sua detenção, foi sepultado em Rusororo, principal cemitério de Kigali, na presença de uma grande multidão de fãs, de músicos locais e estrangeiros.

Mihigo, 38 anos de idade, que foi encontrado morto na sua cela da Polícia na madrugada de segunda-feira última, alguns dias após a sua detenção quando  ele tentavam fugir do país, utilizou  um lençol de  cama para se enforcar,  segundo os relatórios preliminares do Bureau de Inquéritos do Rwanda (RIB).

Ele foi detido numa cela da Polícia em Remera, arredores de Kigali, na sequência da sua detenção na semana passada.

A Amnistia Internacional  (AI) declarou-se chocada com esta morte e pediu às autoridades rwandesas para “abrir imediatamente um inquérito independente, imparcial e aprofundado a fim de determinar a causa da morte- nomeadamente se se trata duma morte natural ou acidental, ou dum caso de suicídio ou de homicídio”.

"Não é preciso dissimular nada. O inquérito deve estabelecer todos os factos, incluindo a implicação eventual de outras pessoas e determinar se as práticas e as condições prisionais causaram ou contribuíram para a morte de Kizito Mihigo”, declarou a diretora do Programa da AI para a África Oriental e Austral, Deprose Muchena.

Mihigo participou, em 2001, na composição do hino nacional rwandês e obteve depois uma bolsa presidencial para estudar no Consevatório de Paris (França).

Ele era uma personalidade fervente, bem conetada, até  à sua detenção em abril de 2014, alguns dias antes da 20ª comemoração do genocídio de 1994 contra o grupo étnico Tutsi. A sua detenção deixou um grande número dos seus fãs no Rwanda e no estrangeiro sob o choque.

Foi condenado em fevereiro de 2015 por conspiração para assassinar o Presidente Paul Kagamé e outros altos responsáveis do país.

Ele foi solto da cadeia, em setembro de 2018, na sequência de um indulto presidencial.

O músico, segundo os procuradores, fez alianças com o Congresso Nacional do Rwanda (RNC), um grupo de dissidentes rwandeses no exílio.

-0- PANA TWA/MA/ASA/BEH/FK/IZ  23fev2020