Capitão Ibrahim Traoré considera conselheiros militares da França "mais perigosos" para África
Ouagadougou, Burkina Faso (PANA) - Ouagadougou, Burkina Faso (PANA) - O Presidente do Burkiina Faso, o capitão Ibrahim Traoré, considerou “mais perigosos” para África os conselheiiros militares no dispositivo francês, soube a PANA de fonte oficial.
“São eles que têm a incumbência de pôr em prática a política da França em Africa. Eles fazem questão de tornar muito fracos os nossos exércitos para que a França possa ter argumento para existir aqui”, denunciou o homem forte do Burkina Faso domingo último durante uma cerimónia de subida de bandeira nacional em Ouagadougou.
Regozijou-se que o seu país tenha conseguido livrar-se destes conselheiros militares avisando no entanto que a França opera uma mudança de estratégia para manter as suas forças em África.
Trata-se, a seu ver, de dissolver e guardar raízes.
Preveniu que eles não sairão de alguns países onde só dissolveram o dispositivo com a intenção de constituir empresas de segurança para assegurar as suas empresas nestes países.
“Os soldados estarão lá mas já não serão vistos fardados ou agrupados em bases”, acrescentou Ibrahim Traoré, para quem “a única via mais eficaz de romper os acordos de defesa coloniais asinados desde as independências é denunciá-los ”.
O Presidente burkinabe reagia assim, acusando o Presidente francês, Emmanuel Macron, de ter ofendido todos africanos no seu discurso proferido no início de janeiro corrente e no qual declarou que “africanos não são suficientemente gratos pelos sacrifícios feitos pela França para o continente.”
“Há uma parte que chamou a minha atenção. A parte em que ele falava da ingratidão que, no seu entender, é uma doença intransmissível aos humanos. Ele pensa que é humano e que a nossa ingratidão não lhe é transmissível. Pois, é assim que o senhor vê África e os africanos. Não somos humanos, segundo ele. Pode ser que ele não seja humano e não se coloque na classe dos humanos. ”, indignou-se o capitão Traoré.
Sublinhou que, se há mesmo um ingrato, este é ele mesmo porque, prosseguiu, “graças aos nossos antepassados, existe hoje a França.”
Na sua ótica, a França deveria rogar aos africanos.
-0- PANA TNDD/JSG/DD 15jan2025