Candidato às presidenciais recusa-se a fazer campanha eleitoral na Tunísia
Túnis, Tunísia (PANA) – Face à polémica provocada pela manutenção em prisão do seu opositor, Nabil Karoui, o candidato às eleições presidenciais antecipadas na Tunísia, Kais Saied, anunciou sábado que não fará campanha eleitoral para a segunda volta prevista para 13 de outubro corrente “por razões éticas”.
"Comprometo-me pessoalmente a não fazer campanha eleitoral, por razões éticas e para evitar as pressões e levantar a ambiguidade ligada à ausência da igualdade de oportunidades entre os dois candidatos”, declarou Kais Saied à Agência Tunisina de Notícias (TAP).
Numa mensagem à nação, o Presidente interino, Mohamed Ennaceur, advertiu contra "as graves consequências” da detenção do magnata de imprensa Nabil Karoui na credibilidade das eleições e do processo democrático na Tunísia.
Salientando a sua dedicação à independência da justiça, exortou “todas as partes interessadas” a encontrar uma solução para esta situação que qualificou de “estranha” e “anormal” pelo facto de que um dos candidatos seja privado de realizar a sua campanha eleitoral na mesmas condições que o seu opositor.
Sexta-feira, o Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas, António Guterres, apelou para “garantir a igualdade de oportunidades para todos os candidatos, no pleno respeito do Direito tunisino e das prerrogativas do poder judiciário”.
Numa declaração do seu porta-voz, relatada pelo Centro de Informação das Nações Unidas, em Túnis, António Guterres, que afirma acompanhar de perto o processo eleitoral na Tunísia, defendeu medidas para que as eleições de 6 de outubro para o Parlamento e a segunda volta das presidenciais prevista para 13 de outubro de 2019 sejam “pacíficas e transparentes”.
Perseguido pela justiça por “branqueamento de capitais e fuga ao fisco”, Nabil Karoui, que preside ao partido “Qalb Tounes” (no coração da Tunísia), foi detido a 23 de agosto último sob mandado de captura emitido por um juíz de instrução.
Apesar da sua detenção, foi eleito a 15 de setembro para a segunda volta com 15,5 porcento dos votos, atrás do candidato independnete Kais Saied (18,4 porcento).
Os seus apoiantes suspeitam que ele foi detido na véspera das eleições por “razões políticas”, visto que liderava as sondagens de opinião.
Pelo contrário, Kais Saied, que se disse apoiado por "jovens benévolos” e recusou-se mesmo a qualquer subvenção pública para a sua campanha eleitoral, considera que está em desvantagem em relação ao seu opositor que dispõe de uma cadeia de televisão (Nessma) e “grandes recursos”.
-0- PANA BB/JSG/SOC/MAR/IZ 6out2019