Campanha eleitoral na Nigéria "poluída" por desinformação, diz RSF
Paris, França (PANA) – A organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) declarou-se preocupada com a proliferação da desinformação e da propaganda na campanha eleitoral, na Nigéria, onde as eleições gerais estavam previstas para 16 de fevereiro corrente, antes de serem adiadas para 23 do mesmo mês.
"Nunca a Nigéria foi assim tão afetada pelos rumores, pelas informações falsas e pela propaganda a montante de uma eleição. Mais preocupante ainda, os partidos políticos e os seus apoiantes tornaram-se cúmplices desta poluição inédita do debate público local”, declarou este fim de semana a RSF, num comunicado cuja cópia foi transmitida à PANA, em Paris.
Idayat Hassan, diretora do Centro para a Democracia e Desenvolvimento (CCD), um instituto de pesquisa nigeriano, contactada pela RSF, afirmou que a desinformação atingiu um nível sem precedentes, acrescentando que os quartéis-generais de campanha se tornaram em verdadeiras fábricas de notícias falsas.
Entre as teorias de conspiração e os rumores mais loucos circularam, por exemplo, relatos que atribuem ao Presidente norte-coreano, Kim Jong Un, a vontade de colonizar a Nigéria, ou obrigar o Presidente cessante e candidato à sua própria sucessão, Muahammadu Buhari, a desmentir publicamente vídeos, vistos mais de 500 mil vezes nas redes sociais, que anunciam a sua morte e a sua substituição por um clone sudanês.
Face à amplitude do fenómeno, 16 órgãos de comunicação entre os mais importantes do país associaram-se a um projeto intitulado “CrossCheck Nigeria” para efetuar a verificação dos factos, durante a campanha eleitoral, e conseguiram desmentir 20 informações falsas, desde o início do ano.
Em julho último, o ministro da Informação, Lai Mohammed, qualificou a ciruclação de informações falsas de "bomba retardada" para o seu país, e anunciou o lançamento de uma campanha para lutar contra a sua proliferação.
"A tomada de consciência das autoridades não se traduziu infelizmente numa maior proteção dos profissionais da informação", deplorou a organização de defesa da liberdade de imprensa.
-0- PANA BM/IS/FK/IZ 17fev2019