Cabo Verdiana suspende ligação aérea com Porto Alegre devido ao Covid-19
Praia, Cabo Verde (PANA) - A transportadora aérea Cabo Verde Airlines (CVA) anunciou, quinta-feira, a suspensão por tempo indeterminado, a partir de segunda-feira, da ligação entre a ilha do Sal e o Porto Alegre, no Brasil, face à evolução da pandemia do Covid-19.
A rota em causa foi inaugurada, em dezembro de 2019.
Em comunicado, a companhia, liderada desde março de 2019 por investidores islandeses, após a privatização da estatal TACV, refere que, “devido aos níveis alarmantes de disseminação e severidade” da pandemia do Covid-19, provocada por um novo coronavírus, “muitos países estão a impor proibições temporárias a viagens de entradas e saídas” de Estados “com grande número de infeções”.
A CVA também suspendeu, por tempo indefinido, desde 1 de março, os voos da rota entre a ilha do Sal e Salvador da Bahia, também no Brasil, desta feita alegando a reestruturação com os novos destinos da companhia.
A transportadora aérea cabo-verdiana já tinha anunciado, em 07 de março, que a suspensão dos voos para Washington (também iniciados em dezembro) até 31 de maio próximo, alegando a “procura de clientes significativamente reduzida”, motivada por “preocupações globais de saúde relacionadas ao Covid-19”.
Entretanto, a companhia foi afetada pela decisão do Governo cabo-verdiano de suspender, inicialmente por três semanas, até 20 de março, e prorrogada esta semana até 30 de abril, os voos de Itália, devido ao alastrar da pandemia, deixando por isso de voar para Milão e Roma.
A CVA terminou também, na semana passada, com o voo direto entre Praia e Lisboa, com início em 30 de agosto, data da entrada ao serviço de um Boeing 737-300, decisão que justificou com o objetivo de dinamizar o ‘hub’ na ilha do Sal.
No entanto, a CVA continua a garantir os voos regulares que já realizava para a capital portuguesa, Lisboa, a partir da ilha do Sal.
Entretanto, o Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), principal forca política da oposição no arquipélago, considera que é um retrocesso o fim do voo direto da CVA entre Praia e Lisboa.
"Estamos perante uma machadada no processo de desenvolvimento de Santiago, num caminho claro de desconstrução de Santiago, que vem sendo operado por esta maioria", sustentou o presidente da Comissão Política Regional de Santiago Sul do PAICV, Carlos Tavares, em conferência de imprensa, na cidade da Praia.
"Não serve os passageiros da Praia, de São Domingos e de Ribeira Grande e nem os passageiros dos restantes concelhos de Santiago, que é a ilha com maior peso demográfico e económico do país", anotou Carlos Tavares, apontando também outros transtornos, como o aumento das horas de espera, pernoita e transbordo de cargas, e implicações na competitividade regional.
"Entendemos que, para além daquilo que é o hub, tem de se prever a existência de voos diretos para os destinos mais importantes para os passageiros com origem e destino em Cabo Verde, como é o caso de Praia, São Vicente e Boavista", precistou.
Neste sentido, o dirigente regional pediu a intervenção do Governo para corrigir a situação e estranhou o silêncio do presidente da Câmara Municipal da Praia, Óscar Santos, perante essa situação que considera lesiva para a capital do país e para toda a ilha de Santiago.
-0- PANA CS/IZ 13março2020