Cabo Verde suspende ligações aéreas com países afetados pelo Covid-19
Praia, Cabo Verde (PANA) – O Governo de Cabo Verde anunciou terça-feira situação de contingência a nível da proteção civil e a interdição, a partir desta quarta-feira, 18, das ligações aéreas com todos os países europeus e de outros continentes afetados pelo novo coronavírus (Covid-19).
Os Estados Unidos, o Brasil, o Senegal e a Nigéria fazem igualmente parte das ligações aéreas abrangidas pela interdição que vai durar três semanas.
A decisão de proibir as ligações aéreas do arquipélago com o Mundo foi feita pelo primeiro-ministro cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva, durante um encontro alargado entre o Governo e organizações da sociedade civil, confissões religiosas, ONG e corpo diplomático.
Organismos internacionais acreditados no país e outras instituições estiveram presentes no encontro convocado para trocas de informações sobre o ponto da situação e as medidas a serem adotadas para fazer face a esta pandemia que, começou em dezembro passado, na China, e já se alastrou ao todos os continentes.
Segundo o chefe do Governo, as medidas, que entram em vigorar a partir desta quarta-feira, podem ser antecipadas ou prolongadas no seu término ou na sua vigência conforme a evolução da epidemia nos países abrangidos pela proibição.
O governante revelou que se excetuam da medida de interdição, os voos cargueiros, os voos de regresso de cidadãos em férias ou em serviço em Cabo Verde aos seus países de origem ou de residências.
Estão igualmente excetuadas as evacuações médicas urgentes e abastecimentos de medicamentos, materiais e consumíveis hospitalares em regime de urgência, medidas essas que serão acauteladas e asseguradas através de voos humanitários.
O chefe do Governo cabo-verdiano comunicou também que está proibida a acostagem de navios cruzeiros, veleiros e o desembarque de passageiros nos portos de Cabo Verde, em navios de carga, de pesca e similares.
Neste sentido e devido ao aumento exponencial dos casos, na Europa e no Brasil, o "Governo declara situação de contingência", disse o primeiro-ministro cabo-verdiano, pedindo a contribuição de todos, uma vez que, segundo ele, nenhum sistema de saúde em nenhum país do Mundo está formatado para responder a pandemias do tipo.
Ulisses Correia e Silva sublinhou que os profissionais de saúde cabo-verdianos estão a fazer o máximo para responder às contingências.
Ele exortou à adoção de novos comportamentos, regras e hábitos para precaver eventuais contágios, cumprindo as instituições das autoridades com responsabilidades, pelo que agradeceu a disponibilidade de todos os parceiros no sentido de reforçar a mobilização e a participação dos cidadãos.
Isto de modo a visar a prevenção individual e coletiva, cuidados de saúde e de higiene social, distanciamento social, disseminação de informações nos bairros e nas localidades através da comunicação social e comunitária, considerando mesmo tratar-se de um desígnio nacional protegerem-se, enquanto cidadãos e proteger o país.
O primeiro-ministro cabo-verdiano advertiu que os impactos destas medidas são graves para a vida das pessoas, para a saúde pública e para a economia do país.
Contudo, ele assegurou que o Governo está a tomar as medidas que se impõem, embora até agora o país ainda não tenha registado nenhum caso positivo, apesar do aumento exponencial dos casos na Europa, nos Estados Unidos, no Brasil e em alguns países africanos com os quais Cabo Verde mantém ligações mais frequentes.
O Governo anunciou também que vai reunir-se esta semana com a representação das organizações empresariais e sindicais no sentido de serem tomadas medidas para mitigar os efeitos económicos que afetem as empresas, mas também o trabalho e o emprego no país em consequência da epidemia do Covid-19.
Em todo o Mundo, o número de mortes relacionadas com o novo coronavírus excedeu os sete mil, após o anúncio pela Itália de 349 novos óbitos.
A Ásia totalizava 92 mil 260 casos (3.337 mortes), a Europa 61 mil 73 casos (2.711 mortes), o Médio Oriente 16 mil 530 casos (869 mortes), Estados Unidos e Canadá quatro mil 126 casos (70 mortes), América Latina e Caribe 815 casos (sete mortes), África 374 casos (oito mortes) e 358 casos na Oceânia (5 mortes).
A seguir à China, que tem o maior número de mortes (3.213), a Itália é o país mais afetado, com duas mil 158 mortes em 27 mil 980 casos relatados, o Irão com 853 mortos em 14 mil 991 casos, Espanha com 309 mortos em nove mil 191 casos e França com 127 mortos em cinco mil 423 casos.
-0- PANA CS/IZ 18março2020