Cabo Verde sofre muito com aquecimento global, diz seu Presidente
Praia, Cabo Verde (PANA) - O Presidente de Cabo Verde, José Maria Neves, afirmou, segunda-feira, em Sharm el Sheik, no Egito, que o seu país, devido às suas vulnerabilidades, tem sofrido muito com as consequências do aquecimento global, embora pouco ou nada contribui para esse fenómeno, apurou a PANA de fonte segura.
Durante a sua intervenção na 27.ª Conferê;ncia dos Estados Partes da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP27), o chefe do Estado sublinhou que as consequências das mudanças climáticas em Cabo Verde chegam a pôr em risco anos de progressos na caminhada rumo ao desenvolvimento sustentável do arquipélago.
Cabo Verde é um dos países mais vulneráveis de África e do Mundo, um Pequeno Estado Insular em Desenvolvimento (SIDS, em sigla inglesa) com uma das mais baixas emissões de gases com efeitos de estufa (GEE) per capita do mundo, vincou José Maria Neves, reiterando o pedido para a transformação das dívidas dos SIDS em investimentos climáticos.
Citado pela Agencia Cabo-verdiana de Noticias (Inforpress), o lider cabo-verdiano sublinhou que são cada vez mais frequentes e longas as secas que assolam o arquipélago, registando-se, também, um agravamento da intrusão salina e a deterioração das águas subterrâneas, a degradação dos solos e a perda da biodiversidade, entre outros flagelos.
A pandemia da covid-19 e a crise energética, associadas a alterações climáticas, agravaram sobremaneira os constrangimentos e as vulnerabilidades estruturais do país, segundo o Presidente cabo-verdiano.
"O agravamento da dívida pública e a degradação dos indicadores sociais constituem enormes desafios para o alcance das metas preconizadas nos planos nacionais e fixadas pelos ODS da agenda 2030 das Nações Unidas", disse perante líderes mundiais.
Sublinhou nessa ocasião que Cabo Verde adotou o combate e a mitigação das mudanças climáticas como política do Estado, salientando que o país não tem poupado esforços no sentido de minimizar os impactos das mudanças climáticas por meio de ações planeadas e concertadas.
Neste sentido, destacou a medida que visa a redução das emissões de GEE em até 35 por cento até 2030, o que, na sua perspectiva, implica maior penetração de energias renováveis e circulação de baixo carbono, mediante a introdução de incentivos para veículos elétricos, principalmente no setor dos transportes públicos.
O chefe do Estado cabo-verdiano lembrou também que o país tem participado de forma ativa nas instâncias regionais e internacionais, no que concerne à governança climática, tendo assinado as principais convenções e acordos internacionais, incluindo a Convenção Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança Climática, o Protocolo de Kyoto (Japão) e o Acordo de Paris (França).
Conforme indicou, para uma governação climática efetiva, o país está a contar com o apoio dos principais parceiros de desenvolvimento e espera poder aceder mais facilmente aos fundos estabelecidos para o efeito.
Na ocasião, ele apelou à transformação da dívida dos SIDS em investimentos climáticos, recordando que Cabo Verde precisa, nos próximos 10 anos, de 2.000.000.000 euros para cumprir o Acordo de Paris.
Para uma governação climática efetiva, prosseguiu, o país está a contar com o apoio dos principais parceiros de desenvolvimento e espera poder aceder mais facilmente aos fundos estabelecidos para o efeito.
Para os países SIDS, como Cabo Verde, ele considerou "vital" que possam ter acesso aos financiamentos.
"É neste contexto que deixo aqui um apelo no sentido de a comunidade internacional considerar a possibilidade de transformar a dívida dos SIDS em investimentos climáticos na educação, saúde e combate à pobreza e desigualdades", acrescentou.
-0- PANA CS/DD 08nov2022