Cabo Verde só recupera dos impactos da covid-19 no turismo em 2023, diz Governo
Praia, Cabo Verde (PANA) – O Governo de Cabo Verde só poderá voltar a recuperar dos impactos da pandemia da covid-19, a partir de 2023, ano em que deverá ter os números atingidos pelo setor em 2019, apurou a PANA de fonte oficial.
Trata-se de uma perspetiva apresentada pelo ministro do Turismo e Transportes, Carlos Santos, quando falava dos impactos da pandemia e das perspetivas nos setores que tutela, numa conferência promovida pelo Grupo Parlamentar do Movimento para a Democracia (MpD), partido no poder.
A conferência foi promovida no quadro da preparação para o debate sobre o Estado da Nação.
Em 2019, os dados indicam que Cabo Verde recebeu 819.308 turistas, equivalentes a um aumento de sete por cento face ao ano de 2018, e a meta do Governo era de alcançar um milhão de turistas durante a legislatura.
A preocupação manifestada pelo ministro Carlos Santos tem a ver, sobretudo, com o peso que o setor do turismo tem na economia cabo-verdiana (cerca de 24%) e no emprego, explicando que a previsão aponta, tendo em conta a covid-19, que cerca de 19 mil postos de trabalho vão ser destruídos.
“Nós temos uma quebra nas receitas do turismo, nas remessas dos emigrantes, nas receitas fiscais, e, obviamente, isto terá um efeito indireto na questão da pobreza, do défice público. Tudo isso vai ter um impacto na redução do PIB, que pode chegar aos 8,5 por cento”, anotou.
Disse que as perspetivas para os próximos anos assentam muito em duas questões que têm a ver com o turismo de saúde, mas também a nível digital e na diversificação da oferta.
“As perspetivas dizem-nos claramente que nós devemos apostar na conetividade, ou seja, nas alternativas, nas low cost. Nós teremos que continuar a apostar na diversificação da oferta como uma arma para tornar resiliente e resistente nos próximos anos, nas tecnologias digitais e também na sustentabilidade, não só como forma de proteger o turismo, o crescimento, mas também vendê-los como uma marca no futuro”, afirmou.
Ele adiantou que, a curto prazo, o Executivo tem em preparação um plano de execução, denominado de “renascimento do turismo”, sustentado por quatro programas, designadamente o programa de segurança sanitária, de qualificação e diversificação turística, da sustentabilidade turística e da protecção e o fomento as empresas.
“A segurança sanitária, inevitavelmente, vai ser a variável determinante para os próximos anos para quem viaja e para quem organiza viagens, e aí Cabo Verde não podia ficar atrás, sem também alinhar com aquilo que são as boas práticas internacionais a nível da segurança sanitária”, sustentou Carlos Santos.
Dentro do programa de segurança sanitária, o ministro falou do projeto turismo seguro, com a implementação de um conjunto de regras e procedimentos a nível dos restaurantes e dos hotéis, para dar tranquilidade aos turistas, bem como do projeto da criação de dois centros de tratamento da covid-19 nas ilhas do Sal e da Boa Vista.
A nível da qualificação e diversificação, apontou o reagendamento e antecipação de alguns projetos, como a “capacitação dos taxistas”, projeto de “turismo de natureza”, “projeto uma família um turista”, qualificação e certificação de restaurantes e de tecnologias no turismo.
“Portanto, um conjunto de 14 projetos que nós queremos executar para procurar na mesma senda daquilo que já é programa do Governo na política de qualificação, para podermos ter um turismo cada vez mais resiliente e cada vez mais competitivo”, afirmou o ministro do Turismo.
A nível de sustentabilidade turística, adiantou que há já um projeto designado de “pacto de sustentabilidade turística”, que o Executivo quer desenvolver com os hotéis e com os fornecedores, visando as três peças da sustentabilidade.
“A económica, por um lado, levando com que os setores de atividade como agricultura, sejam interligados com o turismo, e que estes compradores definam um percentual mínimo que possam fazer a nível do local”, adiantou.
“A nível ambiental, nós queremos olhar para o consumo de energias fôsseis, promoção das energias renováveis e a nível social queremos também com esses grandes operadores definir já nos projetos um percentual destinado à construção de habitação nessas grandes ilhas”, acrescentou.
-0- PANA CS/IZ 22julho2020