PANAPRESS
Agência Panafricana de Notícias
Cabo Verde regista anualmente cerca de 7.500 aborto inseguros
Praia, Cabo Verde (PANA) - Cerca de 7.500 casos por ano de interrupção de gravidez feitos de forma insegura foram registados em Cabo Verde, segundo um estudo sobre aborto apresentado esta sexta-feira na Cidade da Praia pela Associação Cabo-verdiana de Proteção da Família (VerdeFam).
O aborto seguro nas estruturas de saúde foi legalizado em Cabo Verde desde 1997, através da Lei sobre a Interrupção Voluntária da Gravidez - IVG (Lei No 7/87 de 14 de Fevereiro), mas há fatores relacionados com dificuldades de acesso físico, económico e cultural que constituem obstáculos à sua efetiva implementação.
Embora até agora não existiam dados fiáveis sobre o aborto clandestino, sabe-se que ele é praticado, constituindo ainda uma ameaça à saúde da mulher.
O estudo mandado efetuar pela VerdeFam teve como primeiras preocupações perceber qual a
dimensão, a envergadura do fenómeno e as suas dimensões sociológicas e antropológicas.
Segundo o antropólogo José Carlos dos Anjos, consultor e investigador que coordenou a pesquisa, o estudo constatou que o volume e a proporção do aborto oficioso é muito maior do que se imagina.
“Calculamos que, embora os dados sejam difíceis recolher, realmente sete vezes mais mulheres fazem aborto de forma caseira, insegura e com riscos para a saúde do que mulheres que vão aos serviços públicos do hospital”, indicou.
O consultor realça que o que parece ser “mais preocupante” no estudo é que “com muita frequência” as mulheres, na sua maioria jovens que podem recorrer ao serviço público “não o fazem por causa da violência adicional hospitalar”.
O investigador chama também a atenção para a imprecisão de alguns dados dada à falta de registo “mais preciso” sobre os casos de mulheres que vão ao hospital em busca da corretagem, bem como as dificuldades de acesso ao número de pessoas que fazem aborto e que não precisam depois recorrer a serviços hospitalares.
“De qualquer das formas podemos perceber que o aborto oficioso é um grave problema de saúde pública que se relaciona com dimensões culturais da sociedade cabo-verdiana e que deve ser encarado de uma forma muito refletida e conjuntamente”, concluiu.
Segundo José Carlos dos Anjos, se o atendimento hospitalar após o uso de citotec (medicamento para tratamento de úlcera usado para abortar) fosse mais acolhedor e houvesse um serviço social e psicológico de acolhimento à mulher, poder-se-ia evitar um “impacto mais danoso” da prática do aborto sobre a saúde da mulher, bem como a recorrência seguinte a ciclos abortivos.
-0- PANA CS/TON 10maio2013
O aborto seguro nas estruturas de saúde foi legalizado em Cabo Verde desde 1997, através da Lei sobre a Interrupção Voluntária da Gravidez - IVG (Lei No 7/87 de 14 de Fevereiro), mas há fatores relacionados com dificuldades de acesso físico, económico e cultural que constituem obstáculos à sua efetiva implementação.
Embora até agora não existiam dados fiáveis sobre o aborto clandestino, sabe-se que ele é praticado, constituindo ainda uma ameaça à saúde da mulher.
O estudo mandado efetuar pela VerdeFam teve como primeiras preocupações perceber qual a
dimensão, a envergadura do fenómeno e as suas dimensões sociológicas e antropológicas.
Segundo o antropólogo José Carlos dos Anjos, consultor e investigador que coordenou a pesquisa, o estudo constatou que o volume e a proporção do aborto oficioso é muito maior do que se imagina.
“Calculamos que, embora os dados sejam difíceis recolher, realmente sete vezes mais mulheres fazem aborto de forma caseira, insegura e com riscos para a saúde do que mulheres que vão aos serviços públicos do hospital”, indicou.
O consultor realça que o que parece ser “mais preocupante” no estudo é que “com muita frequência” as mulheres, na sua maioria jovens que podem recorrer ao serviço público “não o fazem por causa da violência adicional hospitalar”.
O investigador chama também a atenção para a imprecisão de alguns dados dada à falta de registo “mais preciso” sobre os casos de mulheres que vão ao hospital em busca da corretagem, bem como as dificuldades de acesso ao número de pessoas que fazem aborto e que não precisam depois recorrer a serviços hospitalares.
“De qualquer das formas podemos perceber que o aborto oficioso é um grave problema de saúde pública que se relaciona com dimensões culturais da sociedade cabo-verdiana e que deve ser encarado de uma forma muito refletida e conjuntamente”, concluiu.
Segundo José Carlos dos Anjos, se o atendimento hospitalar após o uso de citotec (medicamento para tratamento de úlcera usado para abortar) fosse mais acolhedor e houvesse um serviço social e psicológico de acolhimento à mulher, poder-se-ia evitar um “impacto mais danoso” da prática do aborto sobre a saúde da mulher, bem como a recorrência seguinte a ciclos abortivos.
-0- PANA CS/TON 10maio2013