Cabo Verde regista 315 novos casos de sida
Praia, Cabo Verde (PANA) – Cabo Verde registou, até setembro último, 315 novos casos de infeção por VIH/Sida, dos quais 4.000, estima-se, são pessoas que convivem com a doença no país, apurou a PANA de fonte segura.
Em declarações à imprensa, no âmbito do Dia Mundial da Luta Contra a Sida, que se assinala a 1 de dezembro próximo, a secretária executiva da Comissão de Coordenação de Combate à Sida (CCS/Sida), Celina Ferreira, revelou que, no período em referência, foram realizados 23.000 testes de despistagem da doença que tem uma taxa de prevalência de 0,6 por cento a nível da população no geral.
“O contexto epidemiológico do VIH em Cabo Verde está concentrado, com fraca prevalência na população sexualmente ativa, dos 15 aos 49 anos de idade”, revelou Celina Ferreira, precisando que as mulheres são as mais afetadas, com uma taxa de prevalência de 0,7 por cento.
Segundo ela, a heterossexualidade continua a ser a forma mais frequente em termos de contágio.
Realçou que as relações entre dois homens têm prevalecido entre os diagnosticados com a doença.
Ainda de acordo com a responsável, em cada 100 diagnosticados 10 vivem com VIH, sendo que, entre o mesmo número de pessoas que consomem drogas, três são diagnosticadas com a doença, enquanto, entre as que vivem do sexo, quatro têm a doença.
“Estas populações demandam uma atenção de prevenção combinada de apoio nos serviços do VIH, estratégias de inclusão e de aceitação da condição de vulnerabilidade em que vivem”, disse.
Revelou que a maior parte das pessoas com VIH vive na ilha de Santiago, na cidade da Praia, mais concretamente.
“Neste momento estamos no contexto de eliminação do VIH e, em 2024, vamos fazer tudo para eliminar a transmissão vertical, ou seja, de mãe para filho”, assegurou Celina Ferreira.
Explicou que, para se atingir este obejtivo até 2030, o CCS/Sida está a incentivar as pessoas que vivem com VIH, nomeadamente adolescentes e jovens, a tomarem corretamente o medicamento de modo a terem uma carga viral indetetável.
No que se refere às populações chaves e vulneráveis, particularmente homens que fazem sexo com homens, Celina Ferreira avançou que se está a preparar um tratamento denominado “PrEP”, uma combinação de medicamentos, visando impedir a contaminação pelo VIH.
Entretanto, ela advertiu que, apesar da eficácia deste tratamento, o mais importante é o uso correto de preservativos e do gel lubrificantes em todos os atos sexuais.
A secretaria executiva do CCS/Sida referiu ainda que a população com VIH em Cabo Verde continua a ser alvo de atos discriminatórios e auto-estigma, visto, frisou, tratar-se de pessoas com níveis baixos de escolaridade, sem emprego, na maioria mulheres que vivem em constante ameaça e não revelam o seu estatuto de doença.
“Estamos a trabalhar para aumentar a tolerância, os direitos humanos, visto que ainda existem casos de rejeição na família e no emprego. Queremos trabalhar para reforçar estes conteúdos, pois, a integração e inclusão são a melhor forma de acabarmos com a doença”, afirmou, apontando ainda o medo e a vergonha como sendo grandes constrangimentos das pessoas que vivem com VIH no país.
-0- PANA CS/DD 30novembro2023