Cabo Verde receia agravamento de preços de cereais pelo conflito Rússia-Ucrânia
Praia, Cabo Verde (PANA) – O agravamento de preços e as corridas aos estoques de cereais, devido à guerra despoletada entre a Rússia e a Ucrânia, pode vir a afetar Cabo Verde, admitiu o ministro cabo-verdiano da Agricultura e Ambiente, Gilberto Silva.
O governante, que discursava na apresentação do Manual de Biossegurança, lembrou que a atual crise internacional terá efeitos graves para o que se chama de “perturbações às cadeias de produção de produtos agrícolas e animais”.
“Estamos a enfrentar uma crise internacional com efeitos graves naquilo que chamamos de perturbações das cadeias de produção dos produtos agrícolas e animais”, disse.
Esta guerra, segundo o governante, e o facto de a Rússia e a Ucrânia serem os maiores produtores do milho e do trigo, vai afetar o preço a nível internacional.
“Cabo Verde é um país importador, mas o mundo inteiro vai ressentir-se com esse tipo de perturbações que tem que ver com a pandemia, crise militar e petrolífera”, acrescentou.
Afirmou que Cabo Verde tem de adotar estratégias adequadas para garantir que os Cabo-verdianos continuem a ter acesso físico e financeiro ao alimento e exerçam o seu direito de soberania alimentar.
Entretanto, o primeiro-ministro cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva, negou que seja um ato deliberado de nenhum governo fazer aumentar os preços, relembrando que o país e o mundo estão a passar por uma das maiores crises económicas de sempre.
O chefe do Governo de Cabo Verde fez esta observação durante o debate sobre “O papel do Estado na mitigação da crise económica e social e o seu impacto na vida das famílias e empresas”, solicitado pelo Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, oposição), na segunda sessão plenária de fevereiro.
Ulisses Correia e Silva reagia a uma intervenção do líder da bancada parlamentar do PAICV, João Baptista Pereira, apontando que o aumento generalizado de preços que se verifica no país deriva de medidas tomadas pelo Governo.
No entanto, para o primeiro-ministro cabo-verdiano é preciso ter em conta também que há um conjunto de produtos cuja definição do preço final de venda é livre há muito tempo, em Cabo Verde, sendo exemplo o pão, que "deixou de ser regulado desde 2006".
“É claro que essas tensões são consequências da crise da pandemia da covid-19 e uma série de coisas que aconteceram. É preciso ter em conta que ainda nos encontramos num quadro de tensão muito alta. Esta guerra que está a ser despoletada na Ucrânia poderá ter impactos económicos e sociais graves no Mundo e poderá vir a atingir Cabo Verde, nomeadamente na questão de preços”, justificou.
-0- PANA CS/IZ 27fev2022