Agência Panafricana de Notícias

Cabo Verde recebe segundo “ferry” para ligação entre ilhas

Praia, Cabo Verde (PANA) – Um segundo ferryboat, propriedade da companhia marítima Cabo Verde Fast Ferry (CVFF), destinado a garantir as ligações entre ilhas, chegou terça-feira ao porto da cidade do Mindelo, na ilha de São Vicente, apurou a PANA de fonte segura.

O ferryboat, batizado de “Liberdadi”, chegou terça-feira àquele porto transportado por um cargueiro desde Singapura, onde tinha sido construído, obedecendo às condições de navegabilidade nos mares do arquipélago cabo-verdiano.

Trata-se de uma moderna unidade de transporte rápido de passageiros que se junta ao também ferryboat “Kriola” que, desde 21 de janeiro de 2011, vem operando em Cabo Verde ligando as ilhas de Santiago, Fogo e Brava, no sul do país.

Segundo fonte da CVFF, o ferryboat “Liberdadi” vai ligar as ilhas de São Vicente e Santo Antão com duas viagens diárias, pernoitando no Porto Novo, satisfazendo assim uma velha reivindicação da população e das autoridades “santantonenses” de terem um meio de transporte que possa ser utilizado em eventuais casos de emergência no período noturno.

A embarcação fará, duas vezes por semana, uma ligação com a ilha de São Nicolau, ao passo que os passageiros de São Vicente e Santo Antão poderão aceder à região do Sotavento com o ferryboat “Kriola” que, desde o ano de 2013, passou também a conetar essa última ilha à região do sul do arquipélago.

O ferryboat “Liberdadi”, de 43 metros de comprimento, pode atingir a velocidade de 25 nós/hora e transportar 164 passageiros, 20 viaturas ligeiras e três camiões de 60 toneladas.

Em comparação com o “Kriola”, o primeiro a ser fabricado de raiz para navegar nos mares do arquipélago, este novo navio sofreu alterações na hélice e nas rampas de proa, agora mais longas, e tem um grande tanque de água que lhe proporciona maior autonomia de navegação.

A chegada do “Liberdadi” era aguardada com muito expetativa uma vez que, segundo o administrador da CVFF, Nelson Gregor, vai trazer à empresa o desafogo financeiro que tanto espera há mais de dois anos.

Desde o início da sua atividade, há mais de três anos, a Cabo Verde Fast Ferry não sai do “vermelho”, exatamente por operar com um único ferry quando foi projetada para funcionar com duas unidades.

As dificuldades financeiras da empresa, formada inicialmente por empresários cabo-verdianos residentes no país e nos Estados Unidos e por algumas câmaras municipais, impediam a CVFF de fazer face às despesas para trazer a embarcação construída em Singapura.

Para o efeito, os acionistas solicitaram o apoio do Governo que decidiu pela entrada do Estado de Cabo Verde no capital social da CVFF via incorporação dos navios "Praia D’Aguada" e "13 de Janeiro" para a empresa contrair novos empréstimos destinados a satisfazer os compromissos financeiros assumidos junto de terceiros.

O Governo justificou esta participação societária, que fez com que o Estado passasse a ser acionista maioritário da CVFF (53 por cento), com a necessidade de se alavancar o projeto desta firma que é importante para que se atinja os objetivos por ele proposto ao eleger o setor marítimo como um dos eixos prioritários do desenvolvimento económico do país, sendo a efetiva ligação entre ilhas um dos seus maiores desafios.

Para isso, está a investir também em infraestruturas portuárias, visando materializar o Cluster do Mar, que representa um dos pilares da economia nacional.

O Governo reconhece que persistem ainda dificuldades a nível dos transportes, apesar dos esforços de empresas como a CVFF, cujos objetivos inicialmente preconizados não foram totalmente conseguidos, devido às dificuldades de acesso ao crédito, que atrasaram a vinda do ferry “Liberdadi”.

Este, no entender do Executivo, trará mais facilidades operacionais para a empresa que passará a oferecer um serviço mais regular e de maior conforto aos passageiros, nomeadamente turistas que desejem conhecer as diversas ilhas do arquipélago cabo-verdiano.

-0- PANA CS/DD 03abr2014