Cabo Verde realiza testes de despiste do coronavírus
Praia, Cabo Verde (PANA) – Cabo Verde vai passar a realizar, até ao final da segunda semana de março corrente, testes de despiste do novo coronavírus (Covid-19), o que só é possível, de momento, com recuso ao laboratório do Instituto Ricardo Jorge (IRJ), em Portugal.
O laboratório do IRJ realizou as análises do primeiro e único caso suspeito no país, que deu negativo.
Segundo o ministro cabo-verdiano da Saúde, Arlindo do Rosário, o laboratório de virologia, situado no Instituto Nacional de Saúde Pública, na cidade da Praia, estava preparado sobretudo para as arboviroses, como zika ou dengue.
Mas por se tratar de um novo vírus, explicou, teria que haver uma atualização em termos de preparação.
O governante falava em conferência de imprensa sábado, na cidade da Praia, para dar a conhecer os resultados negativos do primeiro e único caso suspeito de infeção, na ilha de São Vicente.
Arlindo do Rosário aproveitou para agradecer a colaboração e cooperação do Instituto Ricardo Jorge, em Portugal, que tem respondido “de uma forma muito pronta” à procura do país, mas considera ser “necessário.
"Mas será um passo importante avançarmos para a possibilidade de realização, aqui em Cabo Verde, dos testes, ultrapassando os constrangimentos que podem resultar da logística, do transporte e das questões alfandegárias”, afirmou.
O titular da pasta de Saúde avançou que, além do laboratório, o país já conta com ‘kits’ para a realização dos testes, oferecidos pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pela China.
O governante reafirmou que, até este momento, Cabo Verde continua sem nenhum caso de infeção pelo coronavírus, mas que, mesmo assim, tem tomado várias medidas para fazer face à epidemia que se alastra a nível mundial.
Entre essas medidas, apontou a mobilização de 77 milhões de escudos (cerca de 700 mil euros) em todos os ministérios, contratação de 100 profissionais de saúde e contratualização de compra de equipamentos médico-hospitalares no valor de 38 milhões de escudos (cerca de 345 mil euros).
“Também já foram adquiridos equipamentos de proteção individual, foi igualmente intensificada a estratégia de comunicação, através dos meios de comunicação social, de produção de folhetos informativos, realização de palestras nas escolas, nas empresas, entre outras”, enumerou.
Na semana passada, o Governo cabo-verdiano anunciou a suspensão de voos de e para Itália, um dos países afetados pela doença, por um período de três semanas, mas o ministro disse que não há razões para alargamento dessa medida a outros países.
“Temos de ponderar vários fatores, nomeadamente a circulação, porque nós também precisamos circular. Nós devemos é ter uma ponderação e ir acompanhando aquilo que a própria OMS recomenda nessas situações”, explicou.
Arlindo do Rosário admitiu que essa possibilidade de alargamento para Itália e a outros países não está totalmente fechada, mas que vai depender da evolução da situação a nível mundial e da análise dos vários fatores.
Com o reforço do Plano de Contingência contra o COVID-19, todos os doentes internados no Hospital Agostinho Neto, na cidade da Praia, receberão, a partir deste domingo, 8, apenas uma visita por dia.
Adotada por tempo indeterminado, esta medida deverá vigorar até quando houver um controlo da doença.
Em média, os doentes internados no Hospital Agostinho Neto, principal unidade sanitária do país, costumam receber três visitas por dia, um número considerado “excessivo” pelo diretor desse estabelecimento hospitalar, Júlio Andrade.
O novo coronavírus, um surto detetado em dezembro, na China, já provocou mais de três mil e 500 mortos e infetou mais de cem mil pessoas, em 87 países e territórios.
-0- PANA CS/IZ 08março2020