Agência Panafricana de Notícias

Cabo Verde realiza campanha para evitar nova epidemia de dengue

Praia- Cabo Verde (PANA) -- O Governo cabo-verdiano decidiu conceder tolerância de ponto esta sexta feira para permitir a participação dos trabalhadores da administração e do setor privado numa campanha nacional de limpeza, visando eliminar os focos de mosquitos para prevenir o surgimento de uma nova epidemia de dengue no arquipélago, soube a PANA na Praia de fonte oficial.
Em 2009, Cabo Verde registou, pela primeira vez, uma epidemia de dengue que causou quatro mortos num total de 21 mil e 304 casos.
De acordo com dados recolhidos pelas autoridades sanitárias, este ano já foram notificados 305 casos de dengue, sobretudo nas ilhas do Fogo (161) e Santiago (115), sem qualquer caso hemorrágico da doença nem vítimas mortais.
Ao anunciar a realização desta mega campanha de limpeza, o ministro cabo- verdiano da Saúde, Basílio Ramos, revelou que, após a realização de dois estudos etimológicos para a avaliação dos níveis de infestação, constatou-se que o saneamento do país está "ainda abaixo do desejado", pelo que a intenção do Governo é incrementar as acções e prevenir o risco existente.
Neste quadro, o Governo, para evitar que a situação vivida no ano passado se repita, tem feito, desde o início do ano, acções de sensibilização junto das populações, bem como outras de desinfestação.
Na próxima segunda-feira começará outra campanha que visa pulverizar as estruturas colectivas e as habitações nas ilhas de maior risco, nomeadamente Santiago, Fogo e Maio.
Para além da dengue, as estruturas sanitárias do arquipélago estão também em alerta relativamente à febre amarela, doença erradicada há muitos anos mas que pode ressurgir já que Cabo Verde possui o mosquito vetor e tem ligações com países onde a doença foi notificada.
Não há ainda registo de nenhum caso de febre amarela no arquipélago, onde uma equipa da Organização Mundial da Saúde (OMS) está a realizar um estudo de avaliação dos riscos reais de aparecimento de uma epidemia da doença no país.
"O nosso entendimento é de que há risco e, por isso, colocamos a possibilidade de uma vacinação massiva da população.
Mas a OMS aconselhou a realização de um estudo para avaliar os riscos reais, por entender que apenas a existência do mosquito vetor e da ligação com países onde o vírus circula não é condição suficiente para que haja uma epidemia.
Em função deste estudo, que termina no final do mês, tomaremos as medidas necessárias", explicou Basílio Ramos.
A campanha desta sexta-feira, denominada "Limpar Cabo Verde", será coordenada pelas câmaras de cada município, mas o Governo espera o envolvimento de toda a população, tendo em conta o risco de surgimento de doenças transmitidas por mosquitos, como a dengue, a febre amarela e o paludismo, caso não se registar uma melhoria do saneamento no país.
O ministro da Saúde garantiu, entretanto, que, diferentemente do ano passado, em que as autoridades sanitárias não tinham experiência para lidar com a dengue, Cabo Verde está agora preparado para enfrentar eventuais surtos da doença.
"Temos um plano de contingência e as estruturas de saúde terão de seguir o que já está planeado e estamos trabalhar para que a situação não se repita", precisou Basílio Ramos, advertido que a aposta maior para evitar uma nova epidemia "será sempre na prevenção".