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Cabo Verde quer aproveitar iniciativa da FAO para implementar agricultura biossalina

Praia, Cabo Verde (PANA) – Cabo Verde está a estudar a possibilidade de implementar projetos de agricultura biossalina, através de uma nova iniciativa da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), denominada “Hand-in-Hand”,  apresentada terça-feira, na cidade da Praia, apurou a PANA de fonte oficial.

A iniciativa foi apresentada, na cidade da Praia, pelo ministro cabo-verdiano da Agricultura e Ambiente, Gilberto Silva.

Na ocasião, assinalou que uma das mais-valias desta iniciativa é abrir a possibilidade de cooperação entre países, com diferentes níveis de desenvolvimento, com a intermediação da FAO, em projetos concretos, como na agricultura biossalina, que é feita em ambiente de água salgada.

“Se há um país que é bastante desenvolvido neste domínio e que tem condições para nos ajudar e nós aqui seremos o país recetor, isto tudo através da FAO, para desenvolvermos um conjunto de medidas e dar um salto qualitativo nesta matéria da agricultura biossalina.

“E tem que ter resultados muito concretos, na produção, contribuindo para redução da subnutrição, para disponibilidade agrícola e de alimentos para as pessoas”, referiu o titular da pasta da Agricultura e Ambiente de Cabo Verde.

O ministro disse que Cabo Verde ainda vai desenvolver este mecanismo a nível nacional, mas sublinhou que os projetos a serem apresentados devem contribuir para transformar o país.

“Não apenas pequenos projetos técnicos pilotos, mas que nos ajudam a transformar um dado aspeto dentro desta cooperação mais ampla, que é a agricultura, alimentação e a nutrição”, sustentou.

Gilberto Silva acrescentou que o país vai estudar essa possibilidade, numa altura em que também aposta forte na dessalinização da água e aproveitamento das águas residuais, tudo com o objetivo de ter novas e mais formas de mobilização, gestão e distribuição da água.

No entanto, o ministro da Agricultura e Ambiente advertiu que, para beneficiar desta iniciativa, o Governo de Cabo Verde vai ter que identificar ações muito concretas e trabalhar com a FAO para identificar o país parceiro.

Daí a necessidade da socialização desta iniciativa junto dos responsáveis e técnicos das estruturas governamentais intervenientes, como forma de dar-lhes a conhecer qual é a filosofia e como é que funciona esta iniciativa ‘hand in hand’ que, adiantou o ministro, “é muito importante”.

Durante a apresentação, a representante da FAO, em Cabo Verde, Ana Laura Touza, disse que o objetivo da nova iniciativa é acelerar a transformação agrícola e o desenvolvimento rural sustentável para erradicar a pobreza e acabar com a fome e todas as formas de má nutrição no mundo.

A iniciativa foi lançada em setembro de 2019 pelo director-geral da FAO, com o objetivo de reforçar a cooperação entre países mais desenvolvidos e os menos desenvolvidos, permitindo a transferência de recursos e tecnologias.

Com essa ação, a FAO espera igualmente contribuir para os outros Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), priorizando os países menos avançados, os Estados encravados e os insulares.

A inicitiva “Hand in Hand” tem também como objetivos "melhorar as capacidades do sistema alimentar, assegurando a nutrição e dietas saudáveis e melhorar os meios de subsistência das famílias, reduzindo a pobreza extrema”.

Promover “o uso sustentável da biodiversidade, dos recursos naturais e dos serviços ecossistémicos, apoiar a adaptação às alterações climáticas, à mitigação e à resiliência fazem igualmente parte dos propósitos da Hand in Hand”.

O Hand in-Hand prevê ainda uma estreita coordenação com os parceiros de desenvolvimento (bancos multilaterais de desenvolvimento, cooperação bilateral, outras agências da ONU) para identificar oportunidades a nível nacional, tendo em conta os estrangulamentos e lacunas de investimentos conhecidos no país.

-0- PANA CS/IZ 11março2020