Cabo Verde procura estabilizar preços de combustíveis e alimentos
Praia, Cabo Verde (PANA) - O Governo cabo-verdiano prometeu quinta-feira aplicar medidas para estabilizar os preços de vários produtos, nomeadamente combustíveis e alimentos como trigo, milho, óleo ou leite em pó, que vem sofrendo aumentos significativos, no país.
Falando aos deputados durante o debate parlamentar mensal, dedicado ao tema "Governar em tempos de crise", o primeiro-ministro Ulisses Correia e Silva, revelou que será também reforçada a capacidade de armazenamento de cereais no arquipélago e a fiscalização para evitar o açambarcamento de produtos de primeira necessidade e a especulação de preços.
De acordo com o chefe do Governo cabo-verdiano, a guerra na Ucrânia está a impactar a nível mundial, ameaçando a segurança alimentar e a segurança energética.
“Os preços dos combustíveis e de produtos alimentares que estavam a aumentar com a pandemia, aumentaram ainda mais com a guerra. Há uma grande volatilidade dos preços dos combustíveis e riscos de rutura de fornecimentos a nível mundial", sublinhou-
Recordou que Cabo Verde importa todos os combustíveis e 80 por cento dos produtos alimentares que consome, pelo que "é obvio que o aumento de preços nos mercados internacionais afeta o nível de preços" no arquipélago.
"Devido aos impactos da guerra na Ucrânia, prevê-se uma quebra do crescimento e aumento de inflação nos países da zona euro, que são os principais parceiros comerciais de Cabo Verde. Este contexto gravoso afeta a economia cabo-verdiana", alertou.
Entre as medidas em preparação, figura a "extensão do período de oferta de refeições nas cantinas escolares, a vigorar mesmo durante o período de férias" da Páscoa, o aumento à bonificação de alimento para gado, bem como a aplicação de incentivos aos importadores na realização de compras agrupadas e a "mobilização externa de ajuda alimentar".
Segundo Ulisses Correia e Silva, o pacote de medidas inclui o aumento do número de beneficiários do Rendimento Social de Inserção (RSI) e linhas de crédito agrícola e à pesca semi-industrial "em condições favoráveis", totalizando 600 milhões de escudos (5,4 milhões de euros).
"Com efeitos no emprego, estão a ser retomadas as obras de infraestruturas em todos os concelhos do país. Um novo pacote plurianual de infraestruturas irá ser implementado, dinamizando a construção civil e o seu impacto no emprego, nomeadamente da população de baixa renda", acrescentou o governante.
Reagindo às perguntas colocadas pelo deputado Rui Semedo, líder do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, oposição), o primeiro-ministro cabo-verdiano garantiu que "não há perigo iminente" de rutura de 'stock' de bens essenciais e cereais.
Na interpelação ao chefe do Executivo, o líder do principal partido da oposição recordou que o arquipélago já tinha vivido, de novembro a janeiro últimos, uma rutura de 'stock' de milho, cereal essencial no país.
"Não há perigo iminente de rutura de 'stock'", insistiu Ulisses Correia e Silva, depois de garantir que o Governo cabo-verdiano está em contactos com vários países, apontando concretamente Portugal, para ter acesso às compras necessárias em conjunto e a capacidade de armazenamento, fora do arquipélago.
"Portanto, temos de comprar fora, 'stockar' fora e fazer trazer para o país, nas melhores condições, conforme as necessidades que temos. Que haja sossego relativamente a esta matéria", insistiu.
-0- PANA CS/IZ 24março2022