Agência Panafricana de Notícias

Cabo Verde preocupado com fim de acordo sobre exportação de cereais para países menos desenvolvidos

Praia, Cabo Verde (PANA) - O primeiro-ministro de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva, manifestou, quarta-feira, a preocupação do seu país com a decisão da Rússia de suspender o acordo que permitia a exportação de cereais ucranianos através do Mar Npaís, soube a PANA de fonte oficial.

Em declarações à Agência Cabo-verdiana de Notícias (Inforpress), Ulisses Correia e Silva alertou que esta decisão da Rússia tem impacto particular nos países menos desenvolvidos, como é o caso de Cabo Verde.

Sublinhou que adecisâo não se limita apenas à falta de cereais, mas também ao aumento dos preços que geralmente acompanha situações do género.

“O problema não é só a quantidade de produtos que não chega, mas os preços que tendem a aumentar quando essas questões se verificam”, lamentou Ulisses Correia e Silva.

Sublinhou esperar que a situação se normalize, porque, frisou, os países não podem depender só da importação de cerais da Ucrânia e da própria Rússia e ficar ainda mais prejudicados.

Em junho de 2022' , o primeiro-ministro cabo-verdiano declarou a situação de emergência social e económica no país devido aos impactos da guerra na Ucrânia, anunciando mais medidas, sobretudo para conter a subida dos preços na energia e alimentação, com um custo total superior a 80.000.000 euros.

Assinado em julho de 2022 em Istambul (Turquia) e já renovado duas vezes, o acordo sobre os cereais expirou segunda-feira última à noite.

No ano transato, permitiu que quase 33.000.000 toneladas de cereais, principalmente milho e trigo, deixassem os portos ucranianos, ajudando a estabilizar os preços mundiais dos alimentos e evitar o risco de escassez, que se fazia sentir de forma particularmente grave em África.

Moscovo recusou-se a prolongar o acordo, queixando-se de que as suas próprias entregas de produtos agrícolas e fertilizantes foram prejudicadas e que não entregou tantos cereais aos países pobres como inicialmente  previsto.

Entretanto, o alto-comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Turk, disse, quarta-feira, esperar que o acordo de exportação de cereais pelo Mar Negro, suspenso pela Rússia, seja em breve retomado, "porque o mundo precisa dele."

Durante um debate com a subcomissão dos Direitos Humanos e a comissão das Liberdades Cívicas do Parlamento Europeu, em Bruxelas, Turk disse esperar que a suspensão da Iniciativa de Cereais do Mar Negro seja apenas "um revés temporário."

Realçou o empenho do Secretário-Geral da Organização das Nações (ONU), António Guterres, para tornar possível a exportação de cereais ucranianos e de fertilizantes e de produtos alimentares russos, apesar da guerra em curso entre os dois países.

"Espero que se trate apenas de um revés temporário e que a Iniciativa do Mar Negro continue a concretizar-se, porque o mundo precisa dela", reiterou.

A Iniciativa de Cereais do Mar Negro, que envolve a Rússia, a Ucrânia, a Turquia e as Nações Unidas, entrou em vigor há cerca de um ano, tendo sido uma forte aposta de Guterres.

Permitiu escoar, desde então, quase 33.000.000 toneladas de produtos alimentares retidos nos portos e silos ucranianos.

Dois dias depois de a Rússia se recusar a renovar o acordo sobre as exportações agrícolas da Ucrânia, os mercados começaram a reagir, nomeadamente com o preço do trigo a fechar com forte alta quarta-feira última, até 253,75 euros por tonelada no Euronext, somando 8,2 por cento durante o dia, após a intensificação dos bombardeios russos.

O milho subiu 5,4 por cento, pouco abaixo da marca de 250 euros por tonelada para o prazo final de agosto próximo. 

Os preços dos cereais voltaram ao nível do início de abril último, reagindo à escalada do conflito após a suspensão do corredor marítimo para o transporte de cereais e à ameaça de Moscovo contra qualquer embarcação que se desloque à Ucrânia, refere a imprensa internacional.

-0- PANA CS/DD 23julho2023