Cabo Verde preconiza dialogo para resolução de impasse político na Guiné-Bissau
Praia, Cabo Verde (PANA) - O dialogo é a melhor via para resolver o novo impasse político na Guiné-Bissau, disse, quinta-feira, na cidade da Praia, o Presidente de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca.
O chefe do Estado cabo-verdiano, que falava à imprensa, à saída duma reunião do Conselho da República.
A reunião tinha outro tema central na agenda, mas descambou no impasse político naquele país.
Os pronunciamentos de Jorge Carlos Fonseca seguem-se aos do ex-Presidente cabo-verdiano, Pedro Pires, que defende que as pessoas devem sentar-se e conversarem e, através do diálogo, resolver o problema da eleição do segundo vice-presidente do Parlamento.
A este propósito, Jorge Carlos Fonseca recordou que “há um regimento, há algumas regras, mas dialogando podem chegar a um entendimento, mesmo que não sejam as posições que cada um defende como prioridade”.
Para ele, os atores políticos guineenses devem ver que “o fundamental é o interesse nacional de normalização, que possa levar ao desenvolvimento e ao progresso que tanto almejam os Guineenses".
Na opinião de Jorge Carlos Fonseca, que é também presidente em exercício da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), a melhor ajuda que se possa dar a esse pais “é favorecer o diálogo entre as partes na Guiné-Bissau”.
O chefe do Estado cabo-verdiano considera ainda que a Guiné-Bissau precisa de ter um Governo, políticas públicas e de normalização institucional.
Revelou que os conselheiros da República de Cabo Verde recomendaram um acompanhamento da situação atual “muito mais de perto” e uma avaliação do que a CPLP possa fazer a curto prazo.
“A ideia é ver se num curto prazo, com a CPLP, arranjamos uma forma de procurar ajudar a resolver o impasse em que a situação se encontra neste momento”, sustentou Jorge Carlos Fonseca, considerando que é preciso um “olhar mais atento” à situação no país.
Jorge Carlos Fonseca, que, antes das eleições legislativas de 10 de março na Guiné-Bissau, havia desmarcado uma visita ao país, enquanto presidente em exercício da CPLP, afirmou que a situação será reavaliada.
Explicou que, num certo momento, ele pode achar que a situação não é propícia a uma deslocação e, rapidamente, com o evoluir das coisas, pensar de forma diferente.
“Não há avaliações definitivas em situações como essas”, precisou.
Contudo, ele garantiu que o Presidente da República Cabo Verde nunca tomaria uma decisão de visitar a Guiné-Bissau sem ouvir o secretário-executivo e outros chefes de Estado membros da comunidade lusófona.
Jorge Carlos Fonseca disse ainda que, após as sugestões de Pedro Pires e de outros conselheiros da República, nos próximos dias, também deverá ter uma conversa sobre o assunto com o primeiro-ministro cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva, e com o ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Filipe Tavares.
A Guiné-Bissau está a viver um novo impasse político iniciado com a eleição dos membros da mesa da Assembleia Nacional Popular (ANP).
O mesmo segue-se ao facto de Cipriano Cassamá, do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), ter sido reconduzido no cargo de presidente do Parlamento, e Nuno Nabian, da Assembleia do Povo Unido – Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDGB), eleito primeiro vice-presidente.
Mas, a maior parte dos deputados bissau-guineenses votaram contra o nome do coordenador do Movimento para a Alternância Democrática (Madem-G15), Braima Camará, para segundo vice-presidente da ANP.
O facto do Madem-G15 ter recusado avançar com outro nome para cargo está na origem do impasse para a constituição definitiva da mesa da ANP.
Este facto tem servido de pretexto ao Presidente bissau-guineense, José Mário Vaz, para não indigitar o novo primeiro-ministro, que, em principio, deve ser o líder do PAIGC, partido vencedor da eleições de 10 de março, Domingos Simões Pereira, que, por sua vez, deve formar o futuro Governo da Guiné-Bissau.
-0- PANA CS/DD 24maio2019