Cabo Verde precisa de cinco bilhões de euros para reestruturar dívida pública, diz Governo
Praia, Cabo Verde (PANA) - O vice-primeiro-ministro de Cabo Verde, Olavo Correia, disse, quarta-feira, na cidade da Praia, que o país vai precisar, nos próximos 10 anos, cinco bilhões de euros de investimentos estratégicos para poder reestruturar a sua dívida pública.
O governante anunciou que o arquipélago conta com parceiros bilaterais para resolver uma Dívida Pública (DP) considerada, neste momento, como sendo “muito elevada", uma situação que, a seu ver, limita novos investimentos.
Ao intervir na abertura de um workshop sobre a reestruturação da dívida pública em capital de natureza climático, o também ministro das Finanças precisou que Cabo Verde "não encontra espaço ao nível do orçamento e que não encontra também uma solução para a DP atual.
Acrescentou que, dificilmente, o país conseguirá fazer investimentos nos mais diversos setores e nas áreas críticas mas fundamentais para o seu desenvolvimento.
O workshop teve por objetivo proporcionar assistência técnica aos governos de Cabo Verde, Guiné-Bissau, Mauritânia e Senegal, apoio à identificação de acordos de reestruturação da dívida, sobretudo o endividamento público externo, agravado pela pandemia da covid-19.
Conforme Olavo Correia, no caso de Cabo Verde, a conversão da dívida pública em investimentos estratégicos é de "capital importância e muito urgente" para o país, também alinhado e ancorado a objetivos em matéria de proteção da natureza e do clima.
"Cabo Verde, enquanto um pequeno país insular, precisa de cuidar, cada vez mais e melhor, do seu território. E é muito importante também que, nesta abordagem de reestruturação da DP, possamos também assumir compromissos em matéria da proteção da natureza e do clima", prosseguiu.
O ministro disse que nos próximos tempos o Governo vai comunicar a sua estratégia e os montantes que irá colocar à discussão, quer com os parceiros multilaterais, como também com os parceiros bilaterais.
"Vai ser um pacote muito exigente e que deverá contar com o concurso e a abertura dos nossos parceiros", preveniu Olavo Correia, para quem há abertura para se negociar.
Sublinhou que se trata de "um caminho que tem de ser percorrido e que leva tempo."
De acordo com dados do relatório síntese da execução orçamental de até março último, o estoque da dívida pública de Cabo Verde aumentou em março para mais de 264.477 milhões de escudos (2.393 milhões de euros), equivalentes a 146,4 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) projetado para 2021, como consequência da pandemia.
Até março, a dívida pública contraída internamente equivalia a 43,5 por cento do PIB cabo-verdiano (31,8 por cento em março de 2020), enquanto a dívida externa valia 102,9 por cento (84 por cento em 2020).
O fórum foi organizado pela Associação de Defesa para o Ambiente e Desenvolvimento (ADAD), em parceria com o Ministério das Finanças e o Instituto Internacional para o Ambiente e Desenvolvimento (IIED, sigla em inglês).
-0- PANA CS/DD 03junho2021