Cabo Verde pondera decisão de nomear embaixador designado para Nigéria
Praia, Cabo Verde (PANA) - O Governo cabo-verdiano decidiu recuar na decisão tomada, há cerca de seis meses, de nomear Francisco Tavares, ex-presidente da Câmara Municipal de Santa Catarina, na ilha de Santiago, para ocupar o cargo embaixador do país na Nigéria, apurou a PANA de fonte oficial.
Em conferencia de imprensa, o ministro dos Negócios Estrangeiros de Cabo Verde, Luis Filipe Tavares, anunciou, quarta-feira, na cidade da Praia, que um dos motivos desta decisão do Governo tem a ver com a necessidade de se ajustar a “estratégia política para a integração regional de Cabo Verde na Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) e, consequentemente, na grande zona de comércio continental, em vigor desde 01 janeiro corrente.
Segundo Luis Filipe Tavares, o Governo, ao optar por um diplomata de carreira para o efeito, fê-lo em ordem a “defender melhor” a condição de Cabo Verde, enquanto “pequeno país arquipelágico, insular e com um mercado muito reduzido.”
“Temos que ter muito cuidado nas negociações, e a prudência recomenda uma mudança de estratégia para defendermos melhor os nossos interesses”, apontou o chefe da diplomacia cabo-verdiana.
Apesar da insistência dos jornalistas, o diplomata não avançou o nome do diplomata que vai para Abuja, a capital federal nigeriana, afirmando que o processo de acreditação está em curso, com o pedido de agrément, a consulta reservada feita por um Governo a outro, para saber se o agente diplomático que o primeiro pretende acreditar junto deste outro é ou não do seu agrado e conveniência.
Instado se a mudança de posição do Governo vem dar razão àqueles que criticavam a nomeação de Francisco Tavares para chefiar a missão diplomática cabo-verdiana em Abuja, afirmando que a mesma tinha um carácter político, Luís Filipe Tavares explicou que o que está em causa, presentemente, é uma “realidade dinâmica, económica e comercial completamente diferente” daquela que havia quando se fez a proposta para a referida nomeação.
A nomeação do ex-autarca, através de um decreto Presidencial de julho de 2020, foi na altura criticada pelos partidos da oposição e por outros setores no país por Francisco Tavares ser considerado um "embaixador político", uma vez que não é um diplomata de carreira.
A contestação a esta nomeação ganhou ainda maior dimensão quando, em agosto do ano passado, o jornal online “Santiago Magazine” noticiou que Francisco Tavares era acusado de, enquanto presidente da Mesa da Assembleia Geral da Águas de Santiago (AdS), ter tomado decisões ilegais lesivas a esta empresa pública intermunicipal em avultadas quantias.
Por isso, ele foi colocado pelo Ministério Publico sob Termo de Identidade e Residência.
Mesmo assim, o Governo não recuou na nomeação do antigo autarca de Santa Catarina como embaixador na capital nigeriana, o que, para certos observadores, foi considerada uma atitude “grave, escandalosa e absurda”, porquanto “desautoriza o Ministério Público, humilha a classe dos diplomatas e envergonha Cabo Verde no concerto das Nações.”
-0- PANA CS/DD 06jan2021