Cabo Verde pespetiva crise económica devido ao Covid-19, diz governante
Praia, Cabo Verde (PANA) - Caboi Verde tem pela frente uma crise económica, decorrente da progressão da pandemia de Covid-19 (coronavírus) e que já levou o Governo a interditar voos de 26 países, apurou a PANA.
Olavo Correia, cumulativamente ministro cabo-verdiano das Finanças, disse que se trata de uma questão ainda pouco conhecida ao nível mundial, mas que o cenário atual e as tendências “apontam que os impactos num país como o nosso, completamente aberto e com uma economia tomadora de efeitos, serão realmente volumosos”.
No final de uma reunião para “preparar ações que dêem respostas tanto ao social, como ao económico”, em que participaram governantes e representantes de várias instituições do Estado, o vice-primeiro ministro alertou que, além de uma crise eminentemente de saúde pública e social, o país enfrenta igualmente uma crise económica.
Neste sentido, ele garantiu que, da parte do Governo, urge preparar cenários macroeconómicos e trabalhar mesmo sobre o desconhecido ou, pouco conhecido, para que o país possa estar minimamente preparado, embora ciente da necessidade de ajustes constantes.
Dai que a reunião que teve lugar, terça-feira, na capital cabo-verdiana, tenha visado a criação de “uma rede de trabalho que dê respostas aos desafios atuais e futuros.”
“O bem-estar das pessoas está e sempre estará em primeiro lugar, bem como a manutenção e, posteriormente, a retoma do sistema produtivo”, enfatizou Olavo Correia.
O vice-primeiro-ministro já tinha admitido, na semana passada, a revisão do Orçamento do Estado de 2020 em função do esperado arrefecimento do crescimento económico do país, devido à pandemia do novo coronavírus.
“Todo este cenário está a ser analisado pelo Governo e, oportunamente, o ministério que tutelo apresentará ao Conselho de Ministros uma proposta, permitindo que possamos ajustar o nosso Orçamento do Estado em função do contexto”, declarou o governante.
Olavo Correia reconhece que, “após as medidas de restrição tomadas pelos Estados Unidos”, cancelando voos dos países europeus e com “a mobilidade restrita” ao nível global, “consequentemente”, haverá “um grande impacto no turismo em Cabo Verde, nos aeroportos, bem como ao nível das empresas que atuam no setor dos transportes aéreos.”
O ministro acrescenta que o Governo está a trabalhar “na mobilização de parceiros internacionais”, nomeadamente com o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI), para que se possa “mitigar o efeito do coronavírus na economia cabo-verdiana e, sobretudo, nas pessoas”.
“Neste momento, estamos a terminar a análise do impacto potencial para que possamos, depois, em função disto, ajustar um conjunto de propostas gerais, mas também em relação a algumas empresas que irão ser afetadas diretamente pelo efeito do coronavírus, permitindo que possamos mitigar o impacto na nossa economia”, admitiu.
Terça-feira última, a agência de notação financeira Standard & Poor’s (S&P) considerou que Cabo Verde, que recebeu nos últimos anos, cerca de 750 mil turistas, está entre os países mais afetados pela pandemia Covid-19.
Também a agência de notação financeira Fitch advertiu, na semana passada, para uma provável redução do número de turistas em Cabo Verde devido ao Covid-19, o que constituirá um dos principais impactos para um abrandamento do crescimento económico do arquipélago, onde o setor do turismo já contribui para 45 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) do país.
-0- PANA CS/DD 18março2020