Agência Panafricana de Notícias

Cabo Verde negoceia com Brasil perdão de dívida de $ 4 milhões

Praia- Cabo Verde (PANA) -- Cabo Verde iniciou segunda-feira na Praia negociações para o perdão duma dívida de quatro milhões de dólares americanos contraída junto do Brasil, soube a PANA na capital cabo- verdiana de fonte oficial.
A dívida remonta a 1983 e é decorrente de um empréstimo concedido pelo Banco do Brasil para a modernização das telecomunicações em Cabo Verde.
Esta é a terceira vez que as duas partes tentam resolver esta dívida de Cabo Verde já foi objecto de reuniões em 1989, 1999 e 2005.
A directora-geral do Tesouro de Cabo Verde, Rosa Pinheiro, disse que o primeiro cenário será um pedido de perdão, “mas não havendo esse entendimento iremos para outros cenários”.
Rosa Pinheiro explicou que, por causas várias, Cabo Verde não conseguiu cumprir com os compromissos relativos a este empréstimo de três milhões de dólares americanos e que os juros elevaram para mais um milhão porque as taxas no momento do empréstimo eram muito elevadas.
No entanto, em 1999 o Brasil tinha perdoado parte desses juros, sublinhou a directora-geral do Tesouro de Cabo Verde.
Embora a equipa brasileira nas negociações, chefiada pela embaixadora na Praia, Dulce Barros, não tenha garantido que o Brasil vai perdoar a dívida, uma fonte diplomática cabo-verdiana lembrou que o Presidente do Brasil, Luís Inácio Lula da Silva, de visita a Cabo Verde em 2004, “acolheu favoravelmente a proposta de perdão” da dívida.
Um relatório da Secretaria de Assuntos Internacionais (SAI) do Ministério da Fazenda do Brasil, divulgado a 25 de Dezembro passado, dava conta que o Governo brasileiro perdoou mais de 317,4 milhões de euros de dívidas a uma série de países, incluindo Cabo Verde.
Os países mais beneficiados com o cancelamento integral ou parcial dos débitos foram a Bolívia (34,4 milhões de euros), Moçambique (223 milhões de euros) e a Nigéria (60 milhões de euros).
Cabo Verde consta da lista dos beneficiados pelo "swap" (dívidas trocadas por títulos da dívida externa brasileira negociados no mercado secundário) ao lado de Angola, da Costa Rica, do Egipto, do Gana, da Guiana, das Honduras, da Jordânia, do Paraguai e do Suriname.
O valor oficial apresentado ao Congresso Nacional do Brasil ficou, contudo, abaixo do montante anunciado pelo Presidente brasileiro há cerca de um ano.
Naquela época, a presidência brasileira falava num apoio aos países mais pobres para o cumprimento dos Objectivos de Desenvolvimento do Milênio, numa cifra que rondava 885 biliões de euros.